quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2011

2011
2011
2011
2011
2011
2011
2011


ah, 'tá! então amanhã é aquela euforia da passagem do ano e afins, não é? e depois de amanhã é o 1º dia de mais um ano. hã, hã... como é que de repente eu tenho de escrever 2011 se nem me lembro bem de 2008/9/10?!


enfim. dizem que é tempo de balanços e expectativas, não é verdade? pois aqui fica o meu balanço:
em 2010:

  • aprendi que uma sessão de fisioterapia podia ser mais cansativa que uma semana de campos de férias

  • aprendi que a entrega numa relação depende da predisposição de cada um para essa mesma entrega

  • aprendi que nem sempre quem chega vem para ficar

  • aprendi que um dia temos que largar a corda

  • aprendi que os sonhos mudam numa ribanceira

  • aprendi que a graça da vida está nos enigmas que ela nos dá

  • aprendi que posso ajudar quem ouve a minha história e dar força a quem não encontrou ainda a sua

  • aprendi o que é um tendinite no supra-espinhoso

  • aprendi que ser claque de uma ídolo dá dores de costas
  • aprendi que ter amigos multi-culturais implica dizer "até já" de vez em quando e de vez em quando dói
  • aprendi que uma história só tem fim quando se escreve fim no fim
  • aprendi que um café nunca é inocente
  • aprendi que posso aprender com as diferenças
  • aprendi que não és quem o teu nome te diz que és
  • aprendi que Shabu-Shabu me pode dar as respostas a perguntas que nunca fiz
  • aprendi que a felicidade está numa francesinha
  • aprendi que gostar pode não chegar
  • aprendi que regressar pode não ser voltar
  • aprendi, de novo, o cheiro da areia, o frio do mar e a beleza do horizonte
  • aprendi o silêncio
  • aprendi a vergonha
  • aprendi a India.Arie de uma ponta à outra
  • aprendi a deixar que as mãos sejam a chave do puzzle
  • aprendi um corpo novo.

em 2011:

  • espero a aprender a encontrar de novo o meu caminho
  • espero que o V. tenha a experiência de uma vida
  • espero que a P. volte depressinha e de vez por uns tempos
  • espero que a Causa Tua cresça a bem crescer
  • espero que o cirso acabe de vez
  • espero que o estágio venha em forma de sotaque
  • espero que os meus irmãos sigam e lutem pelos seus sonhos
  • espero que saibas que um dia vou fazer pisca na rotunda
  • espero que autoestrada nos leve ao mesmo ponto
  • espero que o meu trevo me proteja sob a ordem de Shabu Shabu
  • espero que as tertúlias sejam mais frequentes
  • espero continuar a poder ter o escrever

(espero que os meus tecidos se continuem a regenerar, gostava de poder voltar a rebolar nas dunas e a fazer o pino contra a parede, só mais uma vez.)

se é muito, e elevado, não sei. mas é o que eu espero. e saber esperar é uma virtude como outra qualquer.

um beijo velho 2010

olá novo 2011

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

as fracturas fazem 17 meses e a única coisa que me ocorre é... não tenho nada a dizer.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SHABU SHABU ON THE ROAD

Não fiz wishlist de Natal nem pensei nas decisões de Ano Novo. A cabecinha já chegou à Invicta e o corpo vai ter com ela amanhã, por isso até Domingo não esperem que eu me embrenhe nessas decisões.

PORTO EU VOU A CAMINHO, COM A LOIRINHA DA ENFERMEIRA E A MORENINHA DA ADVOGADA.

Desta vez estou mesmo a ponderar não voltar, vou lá ver se o Pai Natal me rapta.

sábado, 11 de dezembro de 2010

E a conclusão é um fim-de-semana no Porto.
Tic-tac, tic-tac: estamos em contagem decrescente.

Melhor é difícil #2

Chá quente, silêncio e árvore de Natal a piscar. Gosto, gosto muito.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

LIVE WHAT YOU LOVE


Não sei se o problema é do Santo se da Crente.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pedrinha no Sapatinho

Volta e meia dá-me uma sede de vingança. Descarrego meia dúzia de impropérios, desato a chorar, sofro de verborreia, acuso o mundo de injustiças variadas e quando a razão me assalta não percebo bem o que se passou. Mas fico sempre com a mesma sensação - há qualquer coisa que não está bem.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Melhor é difícil #1

Há poucas coisas que sejam tão boas como uma cama de lavado.

Vejamos se...


as minhas renas não são lindas de morrer?
1º jantar de Natal: check!
1ª troca de presentes: check!
1º sonho: CHECK!
ADORO O NATAL, e este não tem parafusos nem brocas nem porcas, nem o peso de um desastre há meia dúzia de meses. É bom, este Natal tem um sabor especial.


sábado, 4 de dezembro de 2010

Gosto do Natal Porque... #4

Porque há jantares de Natal com mil grupinhos giros, porque há trocas de presentes originais e porque há bandoletes pirosinhas com renas para botar na cabecinha de alho.

A-DO-RO O ENFEITE DA MINHA PESSOA ESTA NOITE. VAI HAVER RENA À SOLTA

Saudades, Salamanca. Saudades.


Hoje tenho umas saudades inacreditaveis do frio de Salamanca, dos cafés no Nobelty, do acender das luzes na Plaza, dos chás debaixo das mantas, das manhãs de neve.

Saudades de sentir o frio que queima a cara, entra pela nariz acima, arrefece os miolos, congela a ponta do nariz. Saudades de passear pela Toro, comprar trapinhos na H&M, bolos na Confetería, salmão no mercado.


Hoje tenho saudades do meu Challett, da minha Tancy, da minha Juanita, do meu Jarbas, da minha janela, da minha Catedral ao fundo.


Tenho saudades.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

sabes-me

desculpa se um dia pedi mais do que o que devia. se um dia olhei para ti de outra maneira. se um dia o teu olhar foi mais especial. se um dia o nosso dia nunca chegou.
desculpa se dei passos maiores que as pernas. se um dia me saltou da boca o que não devia. se um dia te encostei à parede. se um dia quis mais.
desculpa se não soube jogar este jogo. se não quis ver a verdade. se acreditei que mais era melhor. que menos era mais.
desculpa se dentro de mim há qualquer coisa que me impede de seguir. que me retrai. desculpa se aquilo que fomos está condicionado pelo que não queremos ser. desculpa se sinto a tua falta. se a minha cama é tua todas as noites. se adormeço com o teu sorriso. se acordo com o teu olhar.
desculpa se não sou quem queres. se não tenho outro nome, outra cara, outra vida. se sou complicada. se sou dona do meu nariz. se sigo o caminho mais difícil.
desculpa se o meu pára-quedas está avariado, se a minha autoestrada é indefinida, se não consegui dizer-te que o gráfico se tinha alterado.
desculpa se uma vez na vida não quis deixar a meio o que não começou.

sabes o teu lugar, sabes de cor os cantos da nossa bolha, os nosso olhares, as nossas cumplicidades, sabes que o temos não se constrói num dia, sabes que 24 não 12 e 12 não são 72. sabes que os quadros têm uma ordem, que a tangerina é um mal necessário, que o frango não é de saco, que os cortinados fazem parte da paisagem, que dentro da embalagem está um bombom gostoso, que a conchinha faz parte de uma quebra, que a palavra adoro-te tem outro significado, que um bicho é sempre um bicho, que uma mota cheia de creme solar faz parte de uma história, que o barulho de uma noite acaba num silêncio cúmplice, que um balde de pipocas faz a diferença num filme de Saramago, que a trovoada faz moça.

sabes tudo. sempre soubeste. sabes o que é para ti, sabes o que é dos outros. sabes que um dia vamos rir. sabes que um dia a sardinha volta à rede. sabes que há uma promessa de sardinha na rede. sabes que os coelhos têm a sua toca. sabes que a mula quando não come em casa vai à vizinha. sabes que uma festa no pescoço desalinha.

sabes que o gráfico está descompensado.
sabes que sim.
que mando tudo para o espaço por este saber que é nosso. e que um dia...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

-sabes uma coisa?

-hã?

-"reduz as necessidades se queres passar bem que a dependência é uma besta que dá cabo do desejo e a liberdade uma maluca que sabe quanto vale um beijo."

- porra, já devia saber isso de cor.
as fracturinhas fazem hoje 16 meses, podem chover pedras. hoje estou feliz.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

fiz uma contractura muscular ontem à noite, nas costas. declaro que não sei de que terra sou. tenho dores para xuxu e mal consigo andar.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Gosto do Natal Porque... #3

HÁ LUZINHAS NAS RUAS, NOS CANDEEIROS, NAS IGREJAS, NOS EDIFÍCIOS PRINCIPAIS DE CADA CIDADE.

É TÃAAAO LINDINHO, TÃAAAAO LINDINHO, TÃAAAO LINDINHO que quase que choro quando me lembro da emoção que foi ser "raptada" no ano passado pelas tigrinhas para ir ver os enfeites de Natal de Lisboa.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Escrever

Há uma carrada de tempo que não escrevo nada de jeito, ou a inspiração me fugiu para Plutão ou eu ando sem piadinha nenhuma.

Volta e meia vou na rua e lembro-me de qualquer coisa interessante, às vezes as frases erguem-se na cabeça alinhadas, limpas, claras. Quase poéticas. Chego a casa, ligo o computador, acedo ao blog e... nada. Zero.

Tenho algumas coisas para contar, mas não me parece que este seja o espaço indicado. Até podia escrever um daqueles textos directamente vindos do coração, mas aprendi que a calma e a prepoderância são uma arma valiosa a longo prazo. Podia escrever 20 cartas a 20 pessoas que nunca as iriam ler. Podia arranjar palavras de outras pessoas que descrevessem a minha vida agora. Podia desactivar o blog.

Poder podia, mas não era a mesma coisa. Ah, não era não. Ele já faz parte da minha vida e eu não me sinto capaz de o desactivar só porque não sei se sei escrever como escrevia há uns meses atrás. Ele foi meu amigo, ele ouviu desabafos contidos, lágrimas gordas, risos e gargalhadas, músicas, filmes, noites, pesadelos. Ele casou comigo em Agosto de 2009 e por cá vai andar até eu lhe pedir o divórcio.

Eu tenho um problema com divórcios, com separações, com afastamentos. Tenho um problema com não esgotar as hipóteses todas de reconciliação, tenho um problema em largar o osso na altura mais sensata. Um problema que os psicólogos devem saber explicar com um qualquer trauma de infância. O que é certo é que é um problema simples - saudosismo.

Regressando à batata quente, isto de não conseguir escrever sobre nada de jeito chateia-me.
Bastante.

sábado, 20 de novembro de 2010

Lesson Learned

'Yes, I was burned but I called it a lesson learned.

Mistake overturned so I call it a lesson learned,
My soul has returned so I call it a lesson learned.

Another lesson learned.'

Alicia Keys feat John Mayer - Lesson Learned


As músicas um dia ganham um novo sentido. E um dia chega. Sempre. O dia chega, sempre.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sometimes... fail!

Gosto do Natal Porque... #2

Gosto do Natal porque as ruas ganham um cheiro especial, característico e único. O frio queima as bochechas e os gorros podem saltar do armário.
alguém tem uma caixinha de nolotil? as dores de costas hoje estão a dar cabo de mim.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

este banho maria não é da minha cabeça! é mesmo verdade, eu estou em banho maria. e por tempo indeterminado.

declaração feita,
maria em banho maria

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

o mundo é mau para caraças.

Incolor

Já posso morrer. Vivi um grande amor, amei, fui amado, tive filhos, sonhei, sofri, chorei. Já posso morrer, a morte não me assusta.

Não morri naquele carro porque não era a minha hora, prometi a mim mesma que a partir daquela noite sozinha ia ser feliz todos os dias da minha vida. Rezei a Deus, pedi-Lhe que me deixasse ficar por cá, mais uns tempos, mais umas vidas.
Queria, naquela noite, poder fazer as minhas malas, arrumar o meu quarto, compilar as fotografias de Salamanca, ir para a praia no dia seguinte. Nada de megalómano, nada de complicado. Nem livro, nem árvore, nem filho.

Queria só que o corpo me obedecesse, que as dores se consolassem com a medicação, que o sono não viesse, queria respirar com calma. Inspira, expira. Inspira, expira.

No dia em que vim para casa prometi a mim mesma que queria mais, que ia ser mais, que ia ter mais. Mais tudo. A morte andou por aqui a pairar, não tive medo dela, mas também não a encarei. A morte assusta-me.

Está por publicar o livro, por plantar uma árvore, por nascer um filho, por viver um grande amor.

Está por vir a partilha de uma vida, de uma cama, de um sonho. Uma escova de dentes muitos anos ao lado da minha, uma fotografia repetida todos os Natais, uma data especial festejada com champagne e morangos. Está por vir o dia em que ele chegará até mim sem medos, sem resistências, sem segredos, em que saberá o truque das pipocas, o truque do café, o truque das costas, o truque do pequeno almoço, o truque do acordar, o truque da água das pedras. O dia em que a máquina da roupa vai lavar boxers e t-shirts ranhosas, que a aparelhagem vai tocar músicas de outra vida, que a outra chave é dele. O dia em que a cama terá dois cheiros num só.
Quando esse dia chegar, eu saberei com mais certeza ainda que o agora não é nada. Que a prata não vale o mesmo que o ouro, e que o incolor não é nada.

Ando há demasiado tempo a ser incolor. Hoje vesti-me de preto, saí à rua de cara lavada e desgostos à perna, arrastei-me pelos corredores com outras gentes, e pareceu-me que só eu não tinha cor. Eu prometi a mim mesma que queria mais. Eu devo a mim mesma mais. Eu não posso adormecer e pernoitar outra vez no mundo do mediano. Eu quero mais.

Não gosto de ser incolor.

domingo, 14 de novembro de 2010

nem cinzento nem cor-de-rosa.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cinzento ou Rosa?

Para não perder o embalo, vou só ali até à Golegã. Se não voltar a escrever é porque fiquei a montar cavalos na ANTE ou a beber minis no Central.

Se voltar a escrever é porque ainda não foi desta que me rendi totalmente à vida de campo.
Se morrer congelada saberão, se o fim-de-semana correr mal... o blog entrará em modo cinzento, se correr bem (please, please, please, please, please, please) avizinham-se tempos de muito cor-de-rosa.

Até já,
castanhas e jerupigas,
Maria

Gosto do Natal Porque... #1

Gosto do Natal porque não há anuncio na televisão que me deixe mais feliz que o da Leopoldina a convidar-me para ir até ao Mundo encantado dos Brinquedos. Gosto, Gosto, Gosto. Sabe estupidamente a Natal.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Adeus

O Sr. Do Adeus morreu.
Adeus, Sr. do Adeus - até sempre.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

se eu pudesse...

apetecia-me desaparecer.
de preferência para bem bem longe.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

vou só ali até ao Porto e venho já, já. se não voltar a escrever é por razões óbvias... ter-me-ei perdido pela invicta.



um beijo

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

não há coisa que eu mais odeie do que vir para a cama com esta sensação de desconforto enigmático, é meio caminho andado para dormir mal.

alguém me arranja um pára-quedas sff?

D.E. - parte II

sabes que faz sentido quando...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sempre

Ando seriamente a pensar na possibilidade de enumerar uma lista que explique, tim-tim por tim-tim, o que deixou de fazer sentido na minha vida.
Depois da passagem pelo programa, ficaram a pairar na minha cabeça um sem número de perguntas, de pensamentos, de novas perspectivas e de novos sentimentos.

Talvez seja só uma fase, igual a tantas outras que, com o tempo, deixaram de fazer sentido. Perderam validade. As coisas perdem validade. Sempre.

Não gosto da palavra Sempre, é demasiado comprida, pesada, imutável até ao dia em que perde todas estas qualidades e ganha uma única - torna-se vazia. Não gosto da palavra Sempre porque me confronta com uma realidade diferente. Há coisas que nunca mais vou poder fazer, e este nunca talvez nunca venha, de facto, a perder as qualidades referidas, nunca se torne vazia e fique para sempre a fazer-me sinais de proibição.

Não sou de ferro, nem perto estou de ser uma pessoa racional e objectiva. Não sou uma pessoa que acorda sempre a rir, sempre com os olhos repletos de alegrias, não tenho sempre a palavra certa para dizer, não tenho o corpo perfeito, não tenho o dom do desenho, não sei falar 8 línguas diferentes, não sei enfrentar o medo de cara. Acredito que encarei a vida com a calma que me era possível, sei que podia ter tido mais força em determinadas alturas, podia ter sido mais tranquila em relação a outras e por aí fora. Fiz o melhor que pude e disso não me culpo.

Sei que há coisas por dizer, lágrimas por soltar, sentimentos por viver. Não basta levantar para andar, andar para viver e viver para sonhar. Não basta encarar tudo como uma prova e superá-la da melhor maneira possível. Isso não basta porque não chega. Quando não chega há que lutar.

Olho para trás com o saudosismo característico da minha pessoa, eu sou saudosista. Todos os dias tenho saudades de alguma coisa que não vai voltar, que para sempre deixará saudade. Na semana passada fui assaltada por uma saudade forte, sentada à mesa em casa da minha Tia M., com o meu Tio-Avô M. eu senti as maiores saudades do meu Avô João. Saudades de um tempo que nunca tivemos juntos, de histórias que nunca ouvi da sua boca, saudades que me acompanharam sempre mas que nunca me tinham batido à porta desta maneira. Tive pena de não poder partilhar mais jantares, mais momentos e mais felicidades com o meu Avô. Pudesse eu sentar-me outra vez ao seu colo a pedir 100$00 para comprar ursinhos e a vida teria novamente o sabor de infância feliz.

É por isso que eu gostava de enumerar uma lista só minha onde estivesse tudo aquilo que deixou de fazer sentido. Só tenho medo de uma coisa, e se a lista for demasiado grande e as saudades se instalarem por tempo indefinido? Quantas pessoas terão sentido este desconforto de mudança? Fazem-se balanços de vida aos 23 anos?

Maria, Maria, Maricotas... deixa-te disso. É tempo de seres feliz. Conscientemente feliz.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

D.E. - parte I

sabes que estás apaixonada quando...

sábado, 30 de outubro de 2010

há coisas que me chateiam profundamente.

Arca de Noé - encomendada

Chove a potes, e pelo sim pelo não eu já encomendei a minha Arca, com Noé e bichinhos e tudo e tudo.

Adivinha-se um fim-de-semana looooooongo, recheado de chá, scones, amigas, sushi, gala, muita chuva, espero que nenhuma trovoada, e mantas.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

mundo: atenção!

mesmo quando troveja a bem trovejar, mesmo quando chove a bem chover, mesmo quando o dia tinha tudo para ser péssimo, quando olho para tudo o que a vida me deu nos últimos 15 meses só posso e só quero estar feliz.

por isso: sou feliz e estou feliz!

as vezes todas que despejei no blog as injustiças que sentia, as vezes todas que vim chorar calada para o espaço cibernautico, as vezes todas que me lamentei não serviram de nada. há sol, há sempre sol. em forma de Mãe, em forma de Irmãos, em forma de Avó, em forma de Tia, em forma de Tio, em forma de Primos, em forma de Amigas, em forma de Amigos, em forma de Ohcib.

olhando para trás descubro que foi neste espaço que tantas vezes dei voz ao que pensava e não queria partilhar. descobri em mim uma força que não julgava existir. descobri em mim uma calma absurda em situações limite. o que fica de melhor é esta sensação que o mundo anda todo ao contrário, que o mundo ainda não percebeu bem o que andamos por aqui a fazer... eu ando cá para ser feliz e descobrir a minha missão. se a minha missão passar por isto mesmo, aqui estou eu:

MUNDO: ANDAMOS CÁ PARA SERMOS FELIZES.

e a felicidade faz tão mais sentido quando é partilhada!

15 MESES

toda a gente sabe o medo que eu tenho de trovoada.
toda a gente sabe o medo que eu tenho de trovoada.
toda a gente sabe o medo que eu tenho de trovoada.

podiam ter deixado a trovoada para outro dia, é que as fracturinhas fazem hoje 15 meses!

PARABÉNS FRACTURINHAS! 15 MESES DE LUTA E AINDA NÃO CEDERAM! CLAP CLAP CLAP

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

como arroz e feijão*

http://www.youtube.com/watch?v=Ui6OXsG2yCU


às vezes acho que nós somos mesmo arroz e feijão. quer dizer, eu sou o feijão e tu o arroz e só nos encontramos no prato.

"o dia do prato chegou, é quando encontro você, nem me lembro que foi diferente, mas assim como veio acabou e quando eu penso em você choro café e você chora leite..."

*Prato do Dia, Teatro Mágico

a saga continua

não posso ser dadora de medula óssea porque tenho uma hérnia, uma sub-luxação e duas fracturas de coluna cervical c1-c2.
só me apetece dizer/escrever asneirolas. eu até tenho lidado muito bem com esta história toda, mas estas descobertas do antes e depois inesperadas deixam-me de rastos.

podiam fazer uma lista daquilo T U D O que eu não posso N U N C A mais fazer depois da queda na ribanceira de Colares. era mais fácil, só um bocadinho mais fácil. e deixavam-me longe destas surpresas:

-já preenchi o formulário, não tenho comigo o cartão de dadora de sangue, é preciso?

-não senhora, não precisa do cartão. ora vamos lá ver... problemas de tiróide, medicação diária, transfusões de sangue há menos de 6 meses... não, nada?

-nada.

-operações?

-às amigdalas.

-problemas de coluna, hérnias operadas ou não?

-hérnias?isso eu tenho! o que é que entende por problemas de coluna?

-tudo!

-ah... arrr... pois... (entretanto a menina que tinha ido comigo olhou-me com os olhos esbugalhados, tinha-lhe contado o acidente 5 minutos antes) sabe, é que há um ano e tal eu parti o pescoço.

-então não pode ser dadora.

-hum... e onde é que isso está escrito? não estou a desconfiar do senhor mas não está nada disso no formulário!

-aqui, (tira de uma gaveta um molho de folhas e entre as 8 patologias colocadas de parte sem pensar esta lá escrito COLUNA VERTEBRAL) está a ver?

-sim...

rodo nos calcanhares, saio do edifício da biblioteca da católica e tenho o sangue a ferver-me nas veias. uns com tanta vontade de ajudar e sem poderem, outros nem lhes passa pela cabeça que podem salvar uma vida. e ainda tenho aquele sentimento de culpa de não me ter disponibilizado para ser dadora logo aos 18 anos, se calhar podia ter ajudado alguém até à data do despiste. bolas, bolas, bolas!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Carta Que Nunca te Escrevi

Perguntas-me como estão os fios do coração e do pescoço. Respondo-te que estão bem, nem que seja bem mal. Dizes que é normal, dás-me meia dúzia de frases bonitas e tentas saber o que se passa.

Nunca percebi porque é que fazes isto. Não sei porque é que teimas em desiludir-me para depois quereres fazer parte da minha vida. Esta não relação que temos é venenosa. Apercebeste-te disso? Sabes que esta carta calada é para ti? Nunca deves ter vindo ao blog, pediste-me várias vezes o endereço mas não creio que tenhas por cá passado alguma vez. Nem no início, mesmo depois do acidente e com as coisas a quente, mesmo quando te esforçaste, pouco, para reatares uma coisa que nunca existiu.

Dizes-me que tens mais experiência de vida, que percebes, que sabes que estes sapatos novos me ficam bem, mais uma vez nem que seja bem mal. Queres ver os sapatos novos, queres que eu te conte onde encontrei os sapatos novos, há quanto tempo ando de olho neles. Respondo-te. Conto-te o que queres saber, durante 10 minutos somos cumplices. 10 minutos numa vida que tem 24hrs por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano.

10 minutos aqui e acolá não chegam quando se tem 23 anos, quando se lutou por se ser vista e tida em conta na lista de prioridades. Não estavas na fila escura do teatro, não estavas à porta de Salamanca, não estavas quando acordava doente, não estavas quando comecei a escrever, não estavas quando fiz 18 anos, não estavas quando fiz 21, não estavas quando era Natal, não estavas aos fins-de-semana no jardim, não estavas nem nunca estiveste por mais de 10 minutos.

Não te consigo guardar raiva, nem mais nada. Não me peças para guardar mais nada. Não quero guardar mais nada. Quando esta carta que nunca te escrevi acabar fica por aqui a última desilusão. Fica por aqui aquilo que nunca te disse.

Não te tenho como uma má pessoa, não te julgo por não saberes escolher o teu caminho e quem queres ser na minha vida, não te pergunto quem sou e vivo com esses 10 minutos que me dás de cumplicidade ensaiada por conveniência. Se um dia escreverem um livro sobre a tua vida sei que sabes que as páginas dedicadas à minha pessoa não passaram de duas, uma que conta o meu nascimento, outra que acaba com o acidente e como isso nada mudou a nossa relação.

Disseste-me que as coisas iam mudar, disseste-me naquela tarde, no jardim, rodeado de lagartos e com os olhos de um louco que as coisas iam mudar. Mais tarde disseste-me que tinhas um pressentimento, que as coisas estavam a mudar. É nessas alturas que sei que me fizeste falta. Porque as coisas só mudam para ti quando estás com olhos de louco. Pudesse eu ser a Ophélia e perceber de que mudança estás a falar. Eu era Ophélia e tu falavas comigo de igual para igual.

Não digas mais nada. Não te voltes a justificar. Não me voltes a enganar. Não me voltes a desiludir. Não me perguntes mais como estão os fios do coração e do pescoço. Não me peças mais calma e compreensão. Não me arranjes mais desculpas. Não me digas que estás à espera do dia em que o sonho da valsa se vai concretizar. Não me chames Cotitas. Não me chames mais.

Nem por 10 minutos. Não venhas atrás de mim se não pretendes acompanhar o meu passo largo. Não almoces mais comigo se a conversa é silenciosa. Não me contes o que comentam. Não me digas mais aquele nome que tem três letras. Não deixes nunca mais que eu crie expectativas. Deixa-me ser outra vez pequenina e estar a passear na bicicleta azul brilhante no jardim de Leiria. Deixa-me ser pequenina outra vez e comer castanhas na Rua Augusta, tirar fotografias debaixo do elevador e acreditar que eras um porto seguro.

Se te ligar e te disser que os fios do coração estão enleados vais achar que estou a falar dos sapatos novos. Não vais perceber que esses sapatos estão na minha vida há dez anos, não vais perceber que esses sapatos ainda que me magoem às vezes, não me desiludiram, não me prometeram a lua, não se foram embora nunca. Se te ligar e te disser que os fios estão enleados não vais perceber que é por tua causa. Por isso eu respondo o que ensaiamos vezes sem conta - e nascem novamente 10 falsos minutos de cumplicidade. E dói. Dói sempre.

Porque eu tenho mais de ti do que quis e porque estarás sempre aí. Perto.
as temperaturas não param de baixar, ou é impressão minha?

760 300 513 - já votaram?

domingo, 24 de outubro de 2010

760 300 513

760 300 513
760 300 513
760 300 513
760 300 513
760 300 513

MARIA STURKEN À FINAL JÁ.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pelo sim, pelo não, é melhor focar-me no Mickael. O Pai é Pai e o Piqueno David é Piqueno!
Eu adoro de paixão a família Carreira, é do Pai ao Piqueno David.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"Quando as cores ganham mais cor e os sabores ficam mais intensos"

não percebi ainda bem o que é isso de ter partido o pescoço. quer dizer, eu percebi, só não percebi o que é que acontece agora.

e agora?

eu parti o pescoço, ele colou torto, casei-me com as dores numa cerimónia muito lindinha, casamento é para a vida, claro está, a minha vida ganhou novos sabores, novas cores e depois? o que é que eu faço com estes novos sabores e com estas novas cores?



ando a ler, ou a tentar ler, o livro que o António Feio deixou escrito. a tentar ler porque volta e meia sinto um nó enorme na garganta com as palavras e com os sentimentos. não me quero, nem me posso, comparar ao grande artista, mas reconheço nas suas palavras o que muitas pessoas em situação limite também devem reconhecer.



se a morte esteve a espreitar para mim nas primeiras horas, eu não a vi. eu não a senti. guardo as palavras da senhora minha Avó na entrevista, "ela estava serena, transmitia-nos calma". não me lembro de estar serena, mas calma lembro-me. estava estupidamente calma para quem tinha a vida virada de pernas para o ar.



numa das passagens do livro, o médico que acompanhou o António fala na serenidade da morte. na tranquilidade da morte.



serenidade e tranquilidade da morte.



eu quero morrer serena e tranquila, de preferência sem dor e sem dar trabalho. o António diz que lhe custava a dependência, sobretudo para ir à casa-de-banho. eu percebo-o, eu percebo-o e assino por baixo as suas palavras. para mim, pior que a ajuda para ir à casa-de-banho era o próprio banho. no hospital foi traumatizante, a cabeça abandona o corpo e limita-se a não pensar em nada. em casa foi doloroso, em pé, nua, lavada com uma esponja húmida, seca com uma toalha pequenina, todos os dias o mesmo ritual, de frente para o espelho, a ver o que a vida me tinha feito. doeu. mais tarde já conseguia entrar na banheira, tinha o banquinho do deficiente, continuava a não saber a banho. durante muitos meses o banho não soube a banho. ainda hoje, volta e meia, não sabe a banho - o banco está lá, em dias de mais dores ou mais cansaço é utilizado. nesses dias tento nem pensar que preciso dele outra vez.



esta lição eu aprendi. aprendi a não pensar muito no que tinha que viver todos os dias para poder ter a dignidade do meu lado. talvez tenha sido a maneira mais fácil para mim de encarar o dia-a-dia.



é verdade, as cores têm mais cor e os sabores são mais apurados, a felicidade vem em pacotinhos pequeninos, as vitórias são diárias, os amigos ganham uma dimensão sobrenatural, a família atinge os limites ilimitados de importância, as ruas voltam a ser novas e há um mundo novo.



ontem fui ao teatro, precisamente ver a peça que o António Feio estava a encenar na altura em que morreu. fui ao teatro e eu sei que ele lá estava, a ver a peça que idealizou, eu senti-o e disse-lhe: "António, eu não deixo nada por fazer,nem nada por dizer, já aprendi a lição. Obrigada António, por me deixares ler o teu livro e me deixares sentir as tuas palavras."

Apanhados na Rede, de Terça a Sábado às 21.30h e Domingos às 16.30h no Auditório dos Oceanos, Casino de Lisboa. Bilhetes de 18€ a 22€. Duração de 2h30 com intervalo.



terça-feira, 19 de outubro de 2010

quero declarar.

quero declarar que fui empurrada e caí. quero declarar que a cara da senhora caterpillar que me empurrou está-me gravada na memória. quero declarar que estou de neura. quero declarar que me dói o pescocinho. quero declarar que os meus primos são loucos. quero declarar que a minha cabeça voou para Marte e por lá vai ficar. quero declarar que menos que um balde de pipocas doces não me curam.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sometimes It Hurts

Às vezes oiço pessoas a dizerem: "o meu Pai nunca me vai desiludir..."

Ou eu sou uma besta, ou sei que qualquer pessoa que está na minha vida me vai desiludir, mais tarde ou mais cedo. Até custa bastante menos se acreditar, à partida, que a desilusão vai chegar.

sábado, 16 de outubro de 2010

Novelo de Lã

O Diogo da Tigresse Margarida perguntou-me ontem se eu, hoje, dava mais valor às minhas duas perninhas a andar.

Claro! Há dúvidas?

Ainda assim, devo dizer que ele me deixou a pensar.
Bastante.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PEDIDO DE ESCLARECIMENTO

Eu esclareço: eu NÃO tenho o programa, por isso é que ainda não o pus online para todos verem. Quando tiver partilho. PRO-ME-TO.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

PORTUGAL NO CORAÇÃO

14.30hrs de 12 de Outubro de 2010 e eu estou no carro à porta dos estúdios da RTP1.
Ainda calma, com um friozinho na barriga controlado q.b., sei que vai correr tudo bem.

Tenho medo de me escangalhar a chorar e não conseguir dizer nem uma palavra, disso é o que tenho mais medo, sem dúvida. Temo pelas minhas convidadas, elas estão nervosas, a Inês se pudesse tinha fugido pela porta dos fundos. Agora que penso nisso, eu também podia ter-me escapulido e ninguém dava por nada!

Sou maquilhada e penteada como uma star, gosto! Olho-me ao espelho e gosto do que vejo, e de repente tenho uma crise de nervoso miudinho a crescer-me nas entranhas.

Sou apresentada ao João Baião e à Tânia Ribas de Oliveira, que tenho a dizer que são fantásticos, muito simpáticos e que não podiam ter-me recebido de forma melhor. Toda a equipa é muito acessível e isso transmitiu-me a calma que eu precisava naquele momento. Olho para o relógio e faltam 23 minutos. Uffa, que só me lembro daquela voz do F.A. no TEC a avisar os minutos que faltavam para o Sonho arrancar... tremo.

Quando cheguei ao estúdio comecei a relaxar, tranquilizei-me com o pensamento que nada podia ser pior que as horas de angústia na primeira noite do hospital, e se aí me aguentei sem lágrimas e ranho também agora tenho que me aguentar. A minha Super Avó proibiu-me de chorar. Meti a pata na poça e deitei uma lagriminha gorda em directo no canal público do nosso país.

(A minha prima Francisca diz que já tive os 15 minutos de fama da minha vida, o meu irmão Manel diz que se eu ficar famosa vende os meus lenços de papel com ranho no colégio... oh família de loucos!)

O programa passa a correr e quando dou por mim já acabou, nem tempo tive de agradecer aos Bombeiros da Corporação de Colares, nem à equipa médica do S. Francisco Xavier, nem à unidade de Neurotrauma do Egas Moniz, com especial atenção ao Dr. Gonçalo e ao Nuno Morais. Aqui fica, mais uma vez, uma agradecimento do fundo do coração.

Quando liguei o telemóvel, já fora do estúdio, tinha as mensagens dos amigos, aquelas que enchem a alma por uns valentes dias e a sensação que tinha encerrado um capítulo importante. Já vi o programa duas vezes, e acho que nos próximos dias vou ver mais 20 ou 30, até me cansar de chorar quando olho para a Senhora minha Avó e relembro o que senti naquela noite.

Obrigada à produção. Obrigada às minhas convidadas!

Maria

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sabem uma coisa? Eu A-DO-REI o João Baião e a Tânia Ribas de Oliveira. Eu A-DO-REI a minha vt na praia com a assinatura do Sérgio Mateus. Eu A-DO-REI encerrar mais um capítulo na saga do pescoço partido.
Obrigada minha Felina.

Amanhã conto tudinho!
Um beijo,
Maria com Portugal no Coração

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

há uma coisa que eu tenho a certeza, todos os dias são felizes.

domingo, 10 de outubro de 2010

estão-me a dar uns nervos que nem sei o que hei-de fazer. só me apetece chorar.
amanhã às 9.30hrs toca-me à campainha a equipa de reportagem.

que neeeervos!

sábado, 9 de outubro de 2010

Às vezes pergunto-me se tudo isto terá um fim definido, um dia em que realmente eu não vou sentir mais nada.

Nem dores, nem dormências, nem choques, nem medos, nem ansiedades, nem pesadelos, nem lembranças.

Se um dia vou acordar de manhã e voltar à inconsciência da felicidade, ao quase desprezo pelo amanhã garantido, ao sonho sem fronteiras. Pergunto-me se um dia apagarei totalmente da memória o acidente.

E depois de perguntar percebo que mais uma vez há perguntas que nunca deviam ser formuladas.

Viva a chuva e os dias de sofá - voltámos ao pensar até à exaustão.


(Algo me diz que este não vais perceber, leitor anónimo)

e esta, hein?

- não podes deixar de escrever no blog porque é a única maneira de comunicares comigo.

- como? achas que eu não sei comunicar contigo sem ser através do blog? eu não tenho o blog para comunicar contigo.

- mas eu só te percebo porque leio o blog. tu não falas.



e esta, hein?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Café Inocente

Há nos corredores a gritaria normal de um liceu, os mais velhos do pavilhão estão nos corredores a ver quem passa, naquele impasse de comentar a vida alheia
Ela repara nele, lá em baixo, no pavilhão A. Aquele ar de menino betinho, o blusão Gant, os sapatinhos de vela, o sorriso maroto, e fundamental, o factor desconhecido. Aquela cara não pertence ali, está à porta de uma sala que não é a dele, e no entanto movimenta-se com a segurança de quem conhece os cantos à casa.
Olha para as amigas, todas elas estão presas no desconhecido miúdo que passeia um capacete debaixo do braço. Num impulso começa o jogo dos recadinho para cima e para baixo, ele é amigo de um amigo, a amiga passa o recadinho ao amigo, o amigo passa ao amigo e o amigo responde. São dez minutos de risinhos e histerismo típico da adolescência.
Toca a campainha, e ainda há tempo para uma troca de olharzinhos nervosos. A aula passa ao lado, qualquer que seja a matéria não vai existir nunca espaço para afastar as cabeças do rapaz novo, ela sabe que as amigas vão arranjar maneira de lhe perguntar o número. Nada disto é discreto. Na selva do liceu há regras, e uma delas é ser-se discreto indiscretamente no jogo do engate.
Trocam-se os números num bilhetinho, é uma questão de tempo até toca o telefone com a primeira mensagem, a segunda, a 35ª que combina um café. Inocente claro.

Aos 13 anos, ela abre o capítulo dos cafés inocentes. Passados dez, ainda não percebeu que os cafés nunca são inocentes. O jogo com o rapazinho desconhecido repetiu-se e repetir-se-á variadíssimas vezes ao longo da vida. Noutros corredores, com outras amigas, com outros factores e sempre o mesmo fim - os cafés não são inocentes.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

já me tinha esquecido o que eram insónias.

como a gaivota

é uma noite normal, os primos reunidos cá em casa, as pizzas amontoadas no chão, os filmes alugados no dvd, coca-cola, pipocas várias e zero programas sociais.

23.45hrs: toca o telefone

- onde é que estás?
- olá xuxinha! estou em casa, conta!
- desce, vamos ao fizz.
- mas eu estou em modo leggings e camida de ganga, é noite de cinema com a família.
- desce! estou a arrancar do Estoril, 5 minutos e passo aí.

...

eu gosto de propostas assim, gosto. adoro quando me dizem que tenho 5 minutos para arrancar de casa, mesmo quando o corpo pede cama e a cabeça está no filme a seguir. gosto de poder ter esta liberdade de arrancar com a roupa do corpo, marimbar para o kit noite e arrancar.

gosto de me sentir livre.
gosto de saber que sou livre. independentemente de no fim do dia, quando a cabeça chega à almofada, o coração ficar pequenino e acelarado. eu sou livre. mesmo quando os raptos inesperados podem resultar em encontros inesperados.

eu sou livre. como a gaivota.

domingo, 3 de outubro de 2010

o que os domingos têm de deprimentes, também têm de românticos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares, Não Te Deixarei Morrer, David Crocket.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

pois não?

quando me criaram este blog a finalidade prendia-se com as novidades do meu novo mundo. talvez hoje o blog comece a deixar de fazer sentido, não conte mais as novidades de um mundo novo. este mundo, este meu novo-velho mundo, é cada vez mais o meu mundo normal.

os mundos normais não têm importância nenhuma, pois não?
as pessoas não têm blogs a descrever a manhã no trânsito, o almoço com os colegas, a tarde numa esplanada, o fim de um dia atarefado. têm?

as pessoas não fazem blogs para dizerem aquilo que não conseguem dizer, ou fazem? as pessoas não fazem blogs porque alguém vai ler, e se calhar perceber, o que está por lá escrito.

não sei se o blog continua a fazer sentido. eu sei que escrever nele me dá uma ligeira sensação de alívio e desabafo. mesmo quando a mensagem podia ser transmitida cara a cara, mesmo quando não é bem por causa do blog que a cabecinha se vai arrumando. ou talvez seja. não sei. já não sei mesmo nada.

também não me apetece especular muito sobre o sentido de tudo isto. li, outro dia, que quem pensa demasiado morre mais depressa. toda a gente sabe que eu penso, demasiado. (se calhar é por isso que me dizes sempre que eu não posso negar uma coisa que, à partida, quero.)

volto a lembrar-me da ideia de o blog ser uma montra do que somos. eu gostava de ser invisível. pelo menos nalgumas ocasiões eu gostava de ser invisível, não ter que me preocupar se as mãos estão arranjadas, se o cabelo está com personalidade própria, se a roupa é a adequada. às vezes eu gostava de ser invisível.

(na sexta eu gostava de ter sido invisível, porque a boca diz o que a cabeça manda e os olhos fazem o que o coração sente.)

o blog descreve minuciosamente essa relação disparatada dos dois. a minha cabeça e o meu coração nunca andam de braços dados, nem devem saber as razões porque nunca se entendem mas odeiam-se profundamente.

a cabeça, volta e meia, controla a escrita e tenta que ela não seja a voz do coração, o coração dá-lhe a volta e despeja tudo para o blog.

e eu penso, eu Maria, este blog já não faz sentido, pois não?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

está a trovejar e eu tenho medo.
odeio o inverno.
odeio a chuva.
odeio o frio de lisboa.

sábado, 18 de setembro de 2010

Nas minhas mãos

Entro no carro, ocorre-me aquilo que me ocorre sempre que entro num carro de um homem à porta de casa - os meus vizinhos devem-me achar uma depravada imoral. Já não sei como nem porquê cresceu esta amizade. Lembro-me de como o conheci, onde fomos naquela noite e lembro-me de juntarmos logo uma serie de factores familiares ao bolo. Depois foi com o tempo.

É talvez das pessoas que mais me encosta à parede. Tem essa capacidade e não sabe. Abençoados óculos de sol que não deixaram ver as lágrimas que se iam soltar.

- Mas porquê, Maria? Podes falar.
- Porque há coisas que dóiem mais hoje do que doíam ontem e seguir em frente não é mais fácil que ficar para trás.

Mais uma vez a voz treme, acho que vou explodir entre o morango e a meloa do Santini. Tenho lá em baixo o mar e acho que vou explodir. Respiro fundo, mais um bocado de gelado, olho para o horizonte e não há stress. Não tem que haver stress. É fácil. Respiro fundo e já passou.

A última vez que chorei a alma estava em Salamanca, vagueei pela vida durante uma semana, chorava 24hrs sob 24hrs e nem a Constança sabia mais o que fazer. Um dia acordei e deixei de chorar, passou. Lembro-me que chorar às vezes é bom. O F. disse-me que um dia ia acontecer, acordar e não me lembrar mais de chorar. "Eventualmente um dia lembraste que já não te lembras mais."

Aprendi com o acidente, que o dia de amanhã não é pior nem melhor que o de hoje. É diferente. Tem resultados diferentes. Não passa um único dia que eu não me lembre das minhas incapacidades, mas com elas também me lembro das minhas vitórias e sigo invariavelmente em frente sem tempo para que a tristeza tome conta de mim.

Gosto de voltar a ser invisível aos olhos de quem me olha, já não há ferros, nem parafusos, nem colares, nem cicatrizes na cara e no peito, nem mobilidade rígida, nem passinhos de bebe.

Olho outra vez para ele:

- "Está nas tuas mãos."

Acaba-se o gelado, fuma-se um cigarro, olha-se para o horizonte e vira-se as costas.
As mãos vão ter que trabalhar de acordo com a cabeça e o coração.
"Não venhas mais atrás de mim, a menos que estejas pronto para me apanhares." - Callie to O'Malley, Season 3, Ep. 6.

Tão simples quanto isto. Não venhas mais atrás se não estás pronto para me apanhares.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

bla bla bla...

- "Há sempre um assistente!"

Pois, claro! Só mesmo a minha sócia!
Ah! E depois de fazer isto tudo, ainda tenho que chegar ao fim do dia e lembrar-me que há uma coisa na minha vida que se chama dor.

Regresso às aulas 2010/2011

A 16 de Setembro de 2010 posso anunciar ao mundo virtual que deixei de engrossar as estatísticas da baixa médica e volto a fazer parte do fantástico mundo universitário.

Não, não estou nervosa, nem ansiosa, nem comprei cadernos, nem sebentas, nem canetinhas às cores, nem agenda, nem porra nenhuma. Também não imprimi 300 horários de diferentes tamanhos, não fui tirar o número das salas, não vi quem figura na lista de alunos, quem são os professores, nem os métodos de avaliação.

Não mudou nada de ontem para hoje. Depois de uns, muitos, euros, lá a impressora cuspiu um papel com o meu horários novo, com as contagens de créditos e equivalências, e eu saí da secretaria, rodei nos calcanhares, atravessei os corredores de sempre, fui ao bar de sempre e não soube a sempre.

Nem a Maria, nem a Catarina, nem a Joana, nem o Zé, nem a Constança, nem ninguém!! Ninguém de sempre para as conversas de sempre, os cafés de sempre... nada de Nuno a refilar, nada de nada daquilo que era meu.

E aos poucos e poucos é esta a minha nova realidade. Andar com 1000 olhos atentos aos encontrões das crianças de 18 anos que às 11hrs da manhã já se acotovelam para comprarem minis no bar, evitar estar de pé a fazer conversa, evitar carregar peso, evitar que a velha do metro me dê um encontrão, evitar ir de pé no comboio, evitar isolar-me, evitar olhar de lado para os minis calções escandalosos das miudas que por lá passeiam o cabelo mega-loiro-despenteado-propositadamente-fashion-e-wild, explicar pela enésima vez o despiste, o diagnóstico e o prognóstico, e sentir novamente que enfio uma cassete e conto só o que quero contar e que nunca realmente digo aquilo que sinto.

Volto aos cheiros da cidade, ao calor da cidade, ao frenesim da cidade. Mas sou ainda mais pequenina que era quando lá entrei...


"Dá-me um abraço... ", só hoje, dá-me um abraço e diz-me que vai correr tudo bem.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Prometo

As coisas encaminham-se para a normalidade de outrora.
As aulas começam segunda, retomarei o ginásio e a fisioterapia, preparo-me para passar o fim-de-semana com os amigos no monte, aproxima-se o fim do Verão e é inevitável que as melhorias sejam cada vez mais visíveis.

O sabor da normalidade tem vindo em doses pequenas, a refeições intercaladas e de repente já não é estranho, nem diferente, é só normal.

Tão normal que me acostumo a ela novamente, sem grandes medos nem grandes ansiedades, numa calma que aprendi a encontrar. O amanhã voltou a existir, o depois de amanhã começa a espreitar e tenta ir ganhando terreno, mais dia menos dia abre a porta e calça as pantufas. Quando der por ela o amanhã, o depois de amanhã e o mês que vem são amigos outra vez, ganham de novo a inconsciência da vida e seguem o seu caminho lado a lado.

O pacote de açúcar dizia: "Um dia atiro-me de cabeça" - ainda não é hoje o dia, mas eu voltei a acreditar que um dia vai ser o dia. E assim que o pescoço permitir atirar-me-ei de cabeça.

Prometo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

23! PARABÉNS A MIM

23, 23, 23, 23, 23!!! PARABÉNS A MIM!!!

Ora vejamos:

Bolo com velas logo de manhã, ainda com os olhos meio fechados
Pequeno-almoço com a Avó Carmo
Almoço com o Pai João e a Sis Sara
Mergulho na praia com a Sis Sara e o Betucho Dinis
Jantar com os de sempre
Copo com as Tigrinhas, a Aninhas, o Tiago e o Diogo

Património aumentado:

UM MEGA SANTO ANTÓNIO COR-DE-ROSA CHOQUE (é desta, é desta!!!)
UM MEGA RELÓGIO PIROSO E BRILHANTE
UMA MEGA ESTOJINHO COM COISINHAS ESSENCIAS À VIDA DE UMA MENINA
UM MEGA LIVRO DO KAFKA
UM MEGA ENVELOPE
UMA MEGA CARTEIRINHA PIROSINHA
UMA MEGA PULSEIRA
UM MEGA COLAR
UMA MEGA TARDE NAS COMPRAS

Mensagens no fb: mais de 100
Telefonemas: perdi a conta
Mensagens: perdi a conta

ALEGRIA: a 1100%

Os dias continuam a surpreender-me, eu continuo a ser uma eterna criança, e nem os dois cabelos brancos nem as eminentes rugas me desarrumam a alegria de fazer anos e contar, com muitas velas, as vitórias de estar viva e ser feliz!

Um beijo a todos,
Maria Com Muito Mais Pescoço e Muito Mais Feliz

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

OH SINHO, FILHO! VAMOS PÔR OS PUTOS A SALTAR DA PRANCHA!

falo com um amigo que viveu uma tragédia. no verdadeira sentido da palavra - uma tragédia.
desligo o telefone com a sensação que lhe deixei um sorriso na cara, ainda que ténue, que passageiro, eu senti que do outro lado ele esboçava o seu sempre sorriso especial.

conheci o tiago nos campos de férias, apareceu-me à frente com um ar de nhonho e eu pensei "oh caraças... não há aqui ninguém que se safe?"

em menos de nada eu sentia uma cumplicidade que atravessava as leis das probabilidades e sentia que ele era uma mais-valia na minha vida. não me enganei. ensinou-me a relativizar, a improvisar, a re-criar, a brincar, a rir desmesuradamente.

ensinou-me a passar pelos miúdos sem deixar cravada a marca da regra, ensinou-me que a integridade é a única maneira de ser mais e melhor, ensinou-me que o touro, por muito grandes que sejam os cornos, nunca é maior que a nossa força.

ele, se calhar, não sabe a admiração que tenho pelo seu trabalho, pela sua pessoa. se calhar nunca lhe disse que ele era uma pessoa que faz com que o mundo seja um sitio melhor. eu nunca lhe disse porque nem sempre dizemos tudo o que deveríamos dizer.

o tiago aprendeu, da pior e mais cruel maneira, que a vida se esgota num segundo. hoje quando lhe liguei para lhe deixar um beijo e um abraço forte ele respondeu:

"faz toda a diferença, agora a vida ganhou novas cores e novos contornos"

e nem sempre as cores são mais vivas, os novos contornos não são, necessariamente, mais alargados e menos restrictos. são só novos.

o tiago, o meu sinho, sofreu uma perda incalculável, de uma maneira impensável, e hoje, aqui, eu quero que ele saiba tudo aquilo que significa para mim. sem barreiras e com o tempo todo do mundo.

quero que ele saiba que um dia acorda e a dor é mais pequena, porque a única verdade nestas alturas, é que o tempo ajuda a que as novas cores e os novos contornos se tornem familiares até vir alguma coisa que volta a trocar a palete e os limites. e crescemos. e somos mais e melhores.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Posso só dizer: CHOVE E O CHÃO FICA ESCORREGADIO E EU IA-ME ESPETANDO VEZES VÁRIAS DURANTE O DIA DE HOJE.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

quero

um dia acordas de manhã e não sabes quem és, quem foste ou quem poderás vir a ser.

um dias acordas e aprendes que não podes voltar as erros de sempre, aos caminhos de sempre e aos vícios de sempre.

um dia acordas de manhã e a vida tem uma vida para te ensinar. dói tanto que te parece um plano paralelo à realidade. é tão cruel que não pensas no assunto para não te revoltares.

e um dia voltas a acordar e o pesadelo ainda não passou. porque não passa só com o tempo. porque não passa só porque queres. porque aquilo que pode parecer fácil à luz do que já foi difícil não é, de todo, simples e descomplicado.

- Já estás boa?
- Para lá caminho.

quero tanto responder que sim, que estou boa, que acordo sem dores, que passo os dias sem me lembrar que a vida me passou a ferro, que naquela tarde tudo mudou. quero andar para a frente sem medo de cair, sem medo de escorregar, sem medo de esfolar o nariz, os joelhos, as mãos.

quero correr.
quero nadar.
quero pular.
quero fazer cambalhotas.
quero fazer o pino.
quero conhecer o deserto num jipe.
quero mergulhar de cabeça.
quero dormir sem pesadelos.
quero acordar sem dores.
quero esquecer o que são dormências.
quero viajar de mochila às costas.
quero não voltar a entrar na sala das TAC's.
quero poder contar ao meu marido o que mais me doeu.
quero esquecer o que mais me dói.
quero apertar vestidos ao pescoço.
quero usar colares pesados.
quero que o cabelo cresça.
quero que as cicatrizes desapareçam.
quero voltar a acreditar que amanhã é amanhã e há tempo.

é isso. eu quero.

as férias, ao fim de tanto tempo foram um balanço. foi um reencontro com aquilo que é a vida na sua essência.

devorei um livro que me respondeu a perguntas caladas. e um dia talvez eu consiga perceber porquê.

hoje eu fiz a mim própria a única pergunta que não podia ter feito. e dói.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

_ Quero ir para o Rio!

_ Quando?

_ Ontem.
voltei. a cabeça pediu-me para voltar e eu voltei.
as escolhas são difíceis e a rotunda tem mais saídas que entradas.

vou ligar o gps do coração.

terça-feira, 10 de agosto de 2010


o blog vai de férias, e com ele a minha cabeça também vai de férias. já lhe arranjei espaço aqui numa gaveta, prometi-lhe que voltava para ela em setembro. é justo.


o blog vai de férias, eu vou de férias, nós vamos de férias e a cabeça fica por cá a resfrear e a retemperar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"O Amor em Tempos de Cólera"

"A Sabedoria só nos chega quando já não serve para nada" - Gabriel García Marquez

Ora toma lá, Maria. Assim ficas já a saber que quando as respostas às perguntas chegarem já vai ser tarde demais para que te sirvam de alguma coisa.

Ficas desde já avisada que as tuas tormentas só terão paz quando já não fizerem mais sentido. Que as insónias se dissiparão quando o sono já não fizer falta. Que o cabelo estará fantástico no dia em que não tiveres que sair de casa.

Ficas avisada que o amor chega quando menos esperas, que a amizade está lá quando menos esperas, que a alegria vem em pequenos pacotinhos quando menos esperas, que o cheiro estrangeiro na almofada ficará gravado na almofada quando menos esperas.

"As pessoas que se amam deviam morrer com todas as suas coisas" - Gabriel García Marquez

Porque deixam recordações, porque deixam livros por ler, porque deixam cheiros, passos, pensamentos. Porque deixam saudades em tudo o que lhe pertenceu. Porque um dia a almofada não vai ser mais ocupada. Nunca mais.

Abro o livro, devoro o primeiro capítulo, o segundo, o terceiro... ora bolas! nem um papelinho para apontar frases que me trazem à cabeça pensamentos para depois? Ah, o telemóvel, o telemóvel guarda coisas... yes!

E ali, sentadinha à sombra de uma árvore, "O Amor em Tempos de Cólera" deixa-me voar para a certeza que tudo isto um dia deixará de fazer sentido.

Quando saíres fecha a porta, sff.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Desarruma o que quiseres

Genuíno- adj
1. Puro; sem mistura
2. Legítimo, próprio, verdadeiro, natural.

Normal- adj 2 gén
1. Regular; conforme a norma.
2. Exemplar.
s.f.
3. Usual.

Quando a genuinidade e a normalidade andam de mão dadas a tranquilidade bate-te à porta e sentes-te bem.

Nessa altura abres-lhe a porta, meio a medo deixas que a normalidade e a genuinidade entrem se sentem à mesa e alegremente partilhem contigo as expectativas da vida. Dás por ti e jantaste com elas, dividiste com elas aquilo que és e aquilo em que acreditas.

Há pessoas assim, que chegam e desarrumam a casa, sentam-se no teu canto do sofá, comem a tua última bolacha, deixam a roupa suja no chão, não lavam o lavatório depois de lavar os dentes e tu não te importas. Sabes quando tens que ser certeira, sabes quando tens que ouvir, sabes quando precisam de um ombro e quando o silêncio chega.

Não é comum que entrem assim na tua vida, a tua sala está cheia de pessoas. Genuínas. Normais. Que se sentam no teu canto, que dormem com a tua almofada e por quem darias a vida. Estão lá há muito tempo, há tanto que te conhecem bem e que sabem que mesmo que pisarem o risco vão continuar a ter lugar cativo.

Um dia a porta volta a abrir-se, é a genuinidade e a normalidade em forma de pessoa. Abres a porta a medo, desconfias nos primeiros vinte minutos, e no fim sabes que mesmo que coma a tua última bolacha, não importa - é amigo.

Amizade é isso mesmo - é (re)conforto.

domingo, 1 de agosto de 2010

auch

pedem-me para reagir e não percebem. se calhar não pararam para ver que eu não posso reagir a uma coisa que já não me pertence.

não sou mais eu. deixei de ser no dia em que o carro resvalou. é uma merda, mas é a verdade. pelo menos a minha verdade e aquilo que eu sinto. e a nossa verdade é sempre mais válida que a dos outros.

as últimas semanas têm sido uma luta enorme contra noites de insónias, contra lágrimas gordas, contra sentimentos de revolta. nunca me tinha sentido tão revoltada com tudo isto até há bem pouco tempo.

já não sou eu, e o que sou é novo. tão novo que quase me consigo observar de fora e analisar o que disse e o que fiz.

pudesse eu voltar atrás e não me teria enfiado naquele carro naquela manhã.

não me identifico com o curso, não tenho nada nele que me faça acordar de manhã e sentir feliz com a perspectiva de voltar à faculdade. nada. também não sei o que é me faria feliz agora. comunicação cultutal? gestão cultural? gestão das organizações? comunicação política?

teatro? cinema? televisão?

nunca vou conseguir que perceba que o teatro deixou de fazer sentido porque era demasiado de mim que me pediam. porque era tudo aquilo que eu não queria representar no futuro.

hoje outra vez o mesmo. porque para mim o curso deixou de fazer sentido, porque a maria que foi para salamanca não voltou mais, porque o que viu a inebriou, porque quando voltou achava que tinha a vida aos pés e trocaram-lhe as voltas.

uma merda. uma merda não saber gerir estas emoções todas e saber que quando tocam no assunto eu desabo. porque eu também acho que posso desabar, não posso?

ao menos hoje posso desabar e enrolar-me em conchinha, e isso é bom! e posso limpar as lágrimas sozinha e posso levantar-me para me assoar.

mais uma vez, sinto-me num carro, a 200km/h numa estrada sem saída e com uma parede de betão à frente. vai doer. vai voltar a doer.
quantas batalhas tens que ganhar para que a guerra termine?
e quantas vezes tens que sonhar com a mesma coisa até um dia não sonhares mais?
e quanto tempo demora a esqueceres-te de te lembrares?


o segundo lugar é o primeiro dos últimos. sempre.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Há um ano atrás já estava no Egas, ligada às máquinas e a lutar para me manter à tona.

Obrigada, Deus Nosso Senhor, que me deixou por cá mais uns tempos. Obrigada.

um ano, 365, muitas horas depois...

"Estou, Maricotas! Há um ano atrás deste um chuto à morte minha filha!"

"É verdade, Mãe! Altamente fixe, não é?

"É, filha! É altamente fixe!"

quarta-feira, 28 de julho de 2010

sei o que estava a fazer há um ano, e raios me partam se este sufoco não se vai embora agora.

quem é que inventou as insónias? e as angustias? e as dores que sufocam?

quem inventou noites de lua sem companhia?

quem inventou músicas como o "Your body is a wonderland"?

quem inventou que agora ia ser mais fácil?

deixem-me dormir e sonhar com Princesas. Só Hoje, por favor.
QUEM ESTÁS QUASE A FAZER UM ANO, QUEM É, QUEM É?

As fracturinhas mais perfeitinhas do planeta.

AMANHÃ É DIA DE FESTA.

E eu vou vestir um vestido, e vou jantar fora, e vou brindar à vida.
Amanhã eu vou vestir um vestido e deixar para trás este ano.
Amanhã é um novo dia. E um dia tem que ser O DIA.

terça-feira, 27 de julho de 2010

o meu peixe preto morreu - estou de luto.

não dormi mais que três horas - estou derreada.

está um calor dos ananazes - fisioterapia e praia.

a minha cara parece um bolo - vivam os óculos de sol.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

http://estilhacossalmantinos.blogspot.com/2009/03/meu-querido-e-estimado-tempo.html#comments


depois de ler isto ainda há alguma coisa a dizer quando são 3.21 e eu não durmo?
até pode ser que ninguém venha a perceber, mas:

O iTunes É UM PUSSY! O REI DELES!

wtf

abro a porta de casa e sinto que ela me vai sufocar.
estamos a dia 26 de Julho. daqui a 3 dias faz um ano.

há mais de quinze dias que tento não repetir a rotina de há um ano atrás. não fazer os mesmos programas, não ir aos mesmos sítios, não falar com as mesmas pessoas, não comer as mesmas coisas.

acho que estou a fritar a pipoca.

tento controlar a ansiedade que tem vindo a tomar conta de mim. respiro fundo. rodeio-me das meninas. apanho sol e dou mergulhos na esperança que a neblina fique dentro de água.

mais uma desilusão. logo agora. e o tempo que não passa rápido, e quinta-feira que nunca mais chega. e as arrumações e as decisões que têm que ser tomadas.

e o coração que parece que vai saltar da boca porque não se aguenta cá dentro, e a comida que mal passa no estreito e o que foi que nunca mais vai voltar a ser.

"um dia troco o certo pelo incerto"
"só daqui a dez ou vinte anos"

a história é cíclica.
tão cíclica que até enjoa.

sábado, 24 de julho de 2010

sabes que não há volta a dar quando chegas à cama e dói. nem que seja só um bocadinho.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

ITENS VARIADOS - DECISÕES VÁRIAS

Arrumar itens também é arrumar ideias, pensamentos e tomar decisões.
O meu projecto on going é, como o da maioria das mulheres, arrumar roupa, sapatos, lenços, cintos, lingerie e acessórios de maneira a ter uma boa visibilidade do que tenho para vestir.

Hoje foi o dia.
Saca tudo para fora, faz uma feira no quarto, dança ao ritmo do iPod e descobre coisas perdidas nos mistérios do armário.

Talvez a ideia não tivesse sido das melhores dos últimos tempos, ao fim de uma hora estava a rogar-me pragas.

Descobri que entre Salamanca e um ano de roupa adaptada às necessidades o meu armário está repleto de coisas que não saíram à rua mais que duas vezes, se tanto. Parece-me quase pecado.

A minha Mãe vai dar pulinhos de alegria quando chegar a casa e descobrir que eu arrumei tudinho por cores, feitios e tamanhos.

Como todas as ideias têm o seu q. de benefícios, eu descobri uma serie de toilletes novas e possíveis para esta fase de peixe balão. É bom, sobretudo é muito bom. Também descobri que possuo uma grande parte de roupa de desporto!? Mais roupa de desporto do que roupa de campos de férias... ups! Quer isto dizer que desde que ando no Nuno a minha roupa alterou-se drasticamente. Quem por engano abrir o meu armário deverá achar que eu sou uma freak do desporto.

Claramente esse não é um ponto a meu favor. Eu até gosto de desporto, e muito. Mas de freak não tenho nada, desporto q.b..

Voltando às descobertas e às arrumações, tudo isto serve para tomar decisões e arrumar pensamentos.

Vou andar para o paredão e reflectir no que pensei enquanto arrumava a bagunça da minha roupa e tomar decisões.

Amanhã é Sábado, dia de Tertúlia e eu quero ter brindes a fazer às minhas novas decisões.

NUNCA MAIS DIGO QUE NÃO TENHO NADA PARA VESTIR

quinta-feira, 22 de julho de 2010

4 caixas - uma adolescência

abri as caixinhas de recordações dos 12 aos 18 anos.

sim, eu abri as caixinhas de recordações depois de tantas vezes ter pensado que por lá deviam habitar os mais religiosos tesouros de amor.

encontrei de tudo. postais. bilhetes de cinema. carteiras. agendas. bilhetinhos de amor. cartas de amor. cartas de desespero e desilusão amorosa. canetas. fitas. fotografias. t-shirts. diários a quatro mãos. desenhos. bilhetes de comboio. bilhetes de metro. bilhetes de autocarro. cartões da escola. diplomas. dados. um pensador. declarações de amor. cartas de amigo secreto. presentes de amigo secreto. óculos de sol. revistas. artigos, crónicas. aparelho de contenção (!). autocolantes. serigrafias. bolsinhas. conchas com promessas de amor eternas. nomes. moradas. telefones. caras. amizades. irmãos. companheiros. calendários. porta-chaves. máquina de calcular. canetas. isqueiros. corações em plásticos dos maços de cigarros. libras. dólares. escudos. etiquetas. fitas. albuns.

erros. aprendizagens. episódios. "k", "x" e "w" em vez de "q", "ch" e "l". sonhos. ânsias. pensamentos. declarações. obsessões. vida.

sobretudo encontrei vida.
a maria está do outro lado do mundo e ela ia rir-se tanto com tudo o que eu descobri! e a tancy está de viagem. porra! queria partilhar com elas estas memórias todas.

houve tanta gente a ficar pelo caminho, e há tanta gente que ainda anda por cá hoje! crescemos tanto. já não temos ar de hormonas, o acne sarou, os corpos desajeitados são hoje corpos adultos. uns casaram, tiveram filhos. há licenciados, mestrados, solteiros, altos, baixos, magros, ganzados, cocaínados, noivos, felizes, infelizes, lutadores, desistentes.

daqui a 10 anos voltarei a reler tudo isto e a voltar a sentir que tanta coisa deixa de fazer sentido. o amor dos 13 anos reencontra-se num café de acaso. a amiga dos campos é mãe. o monitor é director técnico. a pita é a pita. a tancinha é a tancinha. o teatro retoma-se. o irmão foi e voltou. a irmã já não dança. a ginástica ficou para sempre lá atrás. o menino do hóquei é pai. a luisinha vai ser mãe. as martas seguiram os caminhos diferentes. o manel está em cabo verde. a mary brilha lá no alto. o gordo é o gordo de outra. eu parti o pescoço.

o melhor de escrever sempre tudo é um dia mais tarde catalogar tudo e sentir-me feliz por tudo o que já vivi.
E que tal uma aguinha das pedras numa esplanada à beira-mar, um geladão no santini, um pezinho de saldos?

Obrigadinha meu xuxu gostoso! Passar a tarde consigo é sempre TOP TOP TOP.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

eu já percebi que andei a brincar com o fogo, e que o fogo me queimou.
também sei que não estava à espera de uma queimadura tão repentina nem tão grave.
mas agora dá para me devolverem o sono, dá?

mas porque raio é que eu voltei a ter estas insónias em forma de... pior que tudo é que parece que... não me deixa em paz. deito-me a ver televisão e BAM, ali está o barulhinho irritante, venho para o quarto e BAM, outra vez um barulhinho irritante, adormeço e BAM, estou rodeada de barulhinhos irritantes.

se eu pudesse não associar o barulhinho irritante era fixe. assim via televisão mas o barulhinho irritante não era irritante ao ponto de irritar e de me tirar o sono. era só um barulhinho irritante.

"custa virar a página?"
"não é a página que custa virar, é ler o livro todo até ao fim"

quero sair deste capítulo já, virar a página não custa, é verdade. eu disse que não ia custar. (odeio admitir estas coisas... ainda bem que o T., o V., o N., e as babes não passam por aqui tantas vezes quanto isso)

pronto. depois de descarregar posso pedir ao Sindicato dos Sonhos um sonho sem barulhinhos irritantes e pessoinhas que a - do - ram esses barulhinhos e pedir, já agora, que ele venha depressinha?

obrigadinha!

ONE DAY WILL BE TOGETHER

Desde há muitos anos que os meus meses de Julho são repletos de pó, barulho e actividades.

Comecei muito miúda, a medo, e desde o primeiro dia soube que os meus Verões nunca mais iam ser os mesmos. Os campos de férias ajudaram-me a ser o que sou hoje, a partilhar e a dar sem esperar receber nada em troca.

Os dias eram sempre diferentes, com sabores variados e com emoções vividas ao máximo. Cresci. Os amigos cresceram. Um Verão menos um, no seguinte menos dois e assim foi até ninguém mais ter vida para passar o mês de Julho entre mosquitos, melgas, lanternas e músicas de amor.

Tornei-me monitora. Desafiei-me a mim diariamente. Acreditei que fazia o meu máximo todos os dias e que isso me chegava para chegar ao fim do dia feliz.

Um dia passei a coordenadora. Foi difícil. Tive medo, os cargos de chefia são minuciosos, complicados do ponto de vista humano, de bom senso e sobretudo de paciência. A expectativa do perfeito nunca é alcançada e é uma luta perceber que os erros existem e existirão sempre.

É Julho. Estou em Lisboa. Não sei se algum dia vou voltar a sentir a adrenalina dos campos, se vou ter jantares temáticos, noites de terror, reuniões de equipa, dias de aventura, noites mal dormidas. Não sei. Porque eu já não sei programar o ano vindouro.

Apetece-me vestir uma t-shirt e abraçar uma equipa, trabalhar arduamente para vencer todos os jogos. Não posso.

Não sei o que se faz em Julho quando não se trabalha. Fisioterapia, ginásio e praia?! E quando a praia não está boa? As amigas estão a trabalhar... a restante malta está nos Algarves e eu sinto-me sozinha.

Pela primeira vez não estou nos campos de férias e não sei o que fazer.
dói-me casa musculo dos meus braços e costas... mas eu hei-de conseguir fazer series de 10 naquela máquina!

domingo, 18 de julho de 2010

Barulho Silencioso

Tive o melhor Domingo dos últimos tempos. Ali para o lado de Bucelas, na Romeira, com as grandes amigas Siqueira como anfitriãs, a piscina a convidar umas braçadas desejadas, a família em torno de uma mesa, as Avós com cabelos de Avó e batons de Avó, os cães, as cigarras, as águias, o sol de Verão e a minha Constancinha e o seu fato-de-banho de filme.

Tão bom, tão bom que queria eternizar o sentimento de calma e tranquilidade por muito tempo, e esperar que ele ficasse para sempre. Era bom. Eu gostava.

Regresso a casa, cheira a casa, sabe a casa e está em silêncio profundo. Não é pior, é só diferente. Talvez consiga reconhecer os carros dos vizinhos, me perca com as folhas das árvores que dançarão pela noite dentro. Gosto.

Tenho uma ponta de tristeza e essa, algo me diz, veio para ficar. Se dói? Não! Só me deixa um bocadinho triste, porque há estórias que não deviam acabar sem terem chegado ao fim, porque há pessoas que são demasiado especiais, porque nem sempre os Domingos podem ser totalmente felizes.

Os Domingos não são felizes, pois não?

Amanhã recomeça o ciclo semanal, fisioterapia e ginásio e praia sozinha e jantar sozinha e noite sozinha e o caminho faz-se a pé e com calma. A calma que não (desa)sossega.

Mais uma semana e daqui a pouco estaremos a festejar a felicidade de um ano de vitórias e nesse dia eu deixo de vez o ano em que mais sofri, que mais cresci e que me moldou para sempre. Um ano que não sei como ultrapassei nem me imagino a ter igual. Foi duro, pesado, deixou-me a ansiedade de entrar num carro e uma moça algures que um dia há-de ser pequenina e quase insignificante.

O barulho do silêncio vai deitar-se comigo, a ansiedade também. A pouco e pouco retomo a vida e tenho medo de não conseguir superar as expectativas depositadas em mim. Terei forças, silêncio? Diz-me, terei eu forças?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Aqui, diante de mim, eu lamechas me confesso.

Quero agradecer, novamente, as respostas e os comentários ao último texto publicado. Já sei que fiz soltar umas lágrimas por esses escritórios fora, que foram muitos os ecrãs que ficaram turvos e muitos os teclados que se molharam. Não era, de todo, a minha intenção por a maltinha a chorar, era só por a malta a rir e agradecer.

Já sei que sou lamechas e que volta e meia a minha escrita põe alguém a chorar, mas não deixem de me ler por isso, sim?

Maria Lamechas

segunda-feira, 12 de julho de 2010

HABEMUS FRACTURAS COLADAS

HABEMUS FRACTURAS COLADAS
HABEMUS FRACTURAS COLADAS
HABEMUS FRACTURAS COLADAS

Eram 9.47h da manhã e no serviço de Neurotrauma existia o corre corre normal dos banhos e das visitas médicas.
Avistei o Dr. Gonçalo ao fundo do corredor, senti uma calma há muito tempo desaparecida. Sabia que as expectativas se tinham perdido há muito tempo.

Entreguei-lhe a Tac e o relatório, abriu, viu e reviu, leu o relatório e disse:

"Estão coladas, ligeiramente tortas mas coladas!"

Não realizei, nem me apercebi bem das palavras.

Sou uma abençoada de Deus, uma abençoada pela vida e por todos os que me rodeiam. Choro copiosamente de alegria, cada lágrima é agora um alivio de felicidade. É cada pessoa que me apoiou, cada terço rezado, cada abraço sentido, cada mensagem de força.

Quantos Obrigadas poderei eu escrever para que percebam que, de facto, sem vocês a recuperação não tinha sido a mesma coisa?

Não é porque passou quase um ano, não é porque hoje eu voltei a nascer de novo, não é porque o pior fisicamente já passou, não é porque as coisas correm bem e eu mexo as perninhas e os bracinhos anafadinhos, não é porque as batalhas têm sido ganhas, mas é porque a guerra ainda está longe do fim e as tropas merecem um sincero e eterno OBRIGADA.

Há quase um ano eu levantei-me da cama a muito custo, trazia sobre os ombros o cansaço de 7 semanas a trabalhar em campos de férias fechados, tinha a missão de organizar o dia seguinte: actividades de exterior para 100 criancinhas azuis e verdes. Saí para o terreno com a vontade de a cumprir mais rápido que a luz.

Só tinha a vontade.
Como hoje tenho a vontade de vos escrever.
A vontade.

A meio da tarde tinha mais que a vontade e menos que a missão cumprida. Tinha a cervical partida, a vida suspensa, o corpo na eminência de deixar de obedecer.

Eu lembro-me. Lembro-me de tudo. Mais do que me queria lembrar, e espero que um dia a recordação não passe mais do que uma gaveta empoeirada no sótão das recordações dos vinte. Até lá eu relembro todos os dias a Sorte e o Amor que não me largaram nunca.

Agradeço.
Agradeço do fundo do coração as palavras de conforto, as mensagens e os emails de apoio e de força, as velas acendidas, os terços rezados, as noites mal dormidas, os mimos, os sumos, as gelatinas, os doces, as leituras à cabeceira, as visitas às escondidas, as visitas autorizadas, a estrelinha da sorte, a medalha de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Agradeço as horas de espera nas Urgências de São Francisco e as outras à porta do Egas Moniz.

Costumo dizer que em muitas alturas há-de ter sido mais complicado para muitos de vós do que para mim. Naquelas horas de incerteza, a minha força, a minha energia, canalizavam-se para um corpo que não podia deixar de obedecer. Nos poucos momentos em que me deixei levar pela emoção tinha a imagem de umas mãos que nunca mais me iriam responder, umas mãos inanimadas e sem vida. Sabia que não podiam ser as minhas, tinha a certeza que não podia ficar por ali o livro que nunca publiquei, a árvore que nunca plantei, os abraços que não cheguei a dar, e tantas outras coisas. Eu tinha a certeza, mas também tinha a vontade, e nem sempre a certeza e a vontade chegam.

Hoje, aqui, dispo-me em frente ao teclado, de coração nas mãos e deixo que elas escrevam livremente o que o coração lhes dita.
Deixo que façam o seu trabalho, para que a cada linha e a cada palavra de gratidão TODOS saibam que esta vitória é vossa. Toda vossa.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

New hopes, new dreams, new ways

Hoje vou ouvir até decorar detrás para a frente e de frente para trás a "Beautiful Day" da India Arie.

Só porque eu não acredito no acaso, nem em medalhinhas com simbolos trocados, nem em músicas especiais logo pela manhã, nem em gráficos em vez de sentimentos, nem em reencontros sem razão. Não acredito. E se calhar deva acreditar no acaso. E era mais fácil.

Hoje apetece-me fazer da letra a minha estória, mais que a minha história, e deixar que as coisas tenham um sentido, um destino e um gráfico equilibrado.

"Life is a journey
Not a destination
There are no mistakes
Just chances we've taken
Lay down your regrets 'cause all we have is now

Wake up in the morning
And get out of the bed
Start making a mental listin my head
Of all of things that I am grateful for

Early in the morning
It's the down of a new day
New hopes, new dreams, new ways..."

Só um bocadinho da letra para aguçar a vontade.

Hoje eu quero acreditar que há uma razão para tudo o que não pode ser acaso.

domingo, 13 de junho de 2010

relendo o que para aqui escrevi as coisas deixam e fazer sentido e eu ainda não cheguei ao fim.

sábado, 5 de junho de 2010

às vezes acordas de manhã, abres a janela, olhas para o mar e sabes que o melhor da vida sempre esteve à tua frente.

 e sabes que não tens que falar a mesma língua para comunicar, e vês que a cultura individual se acrescenta a cada abraço que dás, e que por muitas tardes de filmes e conversas jogadas fora cresces a cada dia que dás a alguém o que é teu.

e recebes o que te dão, e é bom.

acordas e mais uma vez agradeces a sorte.

sábado, 29 de maio de 2010

A minha enfermeira preferida fez anos, as fracturas festejam 10 meses e o bom tempo voltou.

DIGAM LÁ QUE EU NÃO SOU FELIZ?

As tigresses todas juntinhas, à volta de uma mesa, já com alguns tigrinhos incluídos (amamos os tigrinhos incluídos e o bem que eles se dão uns com os outros), seguido de um copo num dos sítios que parece não passar de moda e a acabar num que bem podia acabar pelo karma estranho que tem, mas que ainda assim não deixou ficar mal os resistentes de uma loooonngaaa noite.

Nem imaginam como a cabeça hoje dói. Mas a felicidade está nos píncaros. Foi a melhor noite depois dos trambolhões, foi uma das melhores noites de sempre. Para não fugir à regra - NEM UMA FOTOGRAFIA QUE COMPROVE A FELICIDADE GERAL.

Falta aqui um promenor importante: eu sou uma pessoa que usa bandoletes pirosinhas desde há três dias e ontem tinha a mais pirosinha de todas, mas também a mais Mega!

sábado, 15 de maio de 2010

MENINAS VAMOS DANÇAR!

SENHORAS E SENHORES:

O FANTÁSTICO, O INCRÍVEL, O MILAGREIRO, O GURU, O EXTRAORDINÁRIO N. M. DISSE-ME QUE EU JÁ PODIA DANÇAR!

Depois disto há alguma coisa melhor quando é Sábado? Não!

Agora é tentar juntar as Tigresses todas, torcer para que o tempo se ponha de feição, vestir um trapinho novo e ir dançar até não poder mais. Eu prometo que nesse dia durmo a sesta, me porto bem e fujo dos bêbados todos, mas vou dançar, ah se vou dançar.

O caminho faz-se devagar, e volta e meia acelera-se um pouco. Obrigada!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

REM

eram 6.45hr da manhã quando o meu despertador tocou. se não fosse a ressonância magnética marcada eu juro que o telemóvel ia fazer de quadro para a parede.

depois de esperar horas a fio pelo carro que me ia levar até ao (aclarem-se os olhos sff) MONTIJO, lá cheguei eu a essa bela localidade. com um olho aberto e outro fechado lá preenchi uma serie de papelinhos, jurei que não estava grávida, que não estava a amamentar, que não tinha aparelhos metálicos dentro de mim(?!), e coisas que tais.

eu percebo que seja preciso jurar que não se está à espera de bebe, até acho parvo uma pessoa assumir que não podendo estar, mas isso são outros quinhentos, amamentar é óbvio que uma mulher sabe... agora! objectos metálicos dentro de mim sem eu saber era no mínimo peculiar. certo?

estarão alguns de vocês a perguntar o porquê do Montijo. ah ah! é que nessa bela localidade a vida acontece para as pessoas que sofrem de claustrofobia, medos e ânsias e têm aparelhos de ortodontia! é ali depois da Vasco da Gama que está instalada uma clínica que oferece REM abertas, logo que não causam claustrofobia e não interferem com o meu cor-de-rosinha aparelho.

e depois de muito papel e muita explicação, já eu imaginava um bicho de sete cabeças para no fim adormecer e ainda ter tempo de sonhar!

mas por favor anjinhos do céu, não me façam fazer muitas mais vezes estes exames em que me pedem para não me mexer... eu não tenho medo deles, mas sempre que estou imobilizada, amarrada à cama, de barriga para cima, com ordens para não me mexer, recordo aqueles dias horríveis, o meu coração fica pequenino e apetece-me enrolar-me numa bolinha e chorar!

sim? pode ser, anjinhos? pode, pode?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

MIKA, AMOR!

já me tinha esquecido de como gosto de fazer declarações. pois aqui vai

EU GOSTO UM BOCADINHO, POR AMOR, DO MIKA.

e eu tenho a certeza que se eu lhe desse uns beijinhos ele deixava de ser gay e eu podia fazer dele o homem mais feliz do mundo.


senhoras e senhores, declarações feitas.
assinei hoje duas fitas.
para o ano as caras vão ser novas.
não quero.

posso ficar boa já e ir para a faculdade stressar e viver os últimos meses se estudante com eles?
posso?
please?

no happy ending

há muito tempo atrás eu era apaixonada por ti. tu tiravas-me o sono, eu queria dormir e quando fechava os olhos sentia aquele vazio que dói cá dentro.

há muito tempo atrás eu era apaixonada por ti. tu dizias palavras bonitas, escrevias cartas de amor, mandavas musiquinhas bonitas e eu gostava.

há muito tempo atrás eu era apaixonada.
por ti
por ele
pelo outro

há muito tempo atrás eu apaixonava-me e era bom.
mesmo quando somava angustias, lágrimas, noites de insónia, cigarros silenciosos, telefonemas não correspondidos. do que eu me lembro sabia a gelado de morango com iscas.

agora não sabe a nada.
nada.
agora é sempre igual e eu não gosto disto.

o outro deixou aquelas ferida feia e infectada, tu já não mandas músicas, ele já não olha. as fracturas saram, os ligamentos regeneram, a força constrói-se e eu?
eu recupero?
sabes há quanto tempo não me olham nos olhos e me fazem sentir mulher? sabes?
sabes há quanto tempo não acredito em ti? nele? no outro?
saberão os médicos curar esta porra desta ferida que sangra sem parar?

eu tapo-a, desinfecto, troco de compressas. ela está cá. é aquela merdinha que dói quando tocas sem querer, é aquele adorzinho que mói. é aí, isso aí. porra! não toques, já te disse que é aí!

sabes a música do Mika? Happy Ending? e a da Alicia? Try Too Sleep With a Broken Heart? elas tocam tantas vezes e nunca fizeram tanto sentido como no dia em que percebi que me tinham magoado a valer.

há muito tempo atrás eu chamava-me maria e era apaixonada.
hoje chamo-me maria e tenho uma ferida.
às vezes, dói.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eco

Acabo de ler A Ilha Debaixo do Mar de Isabel Allende, há duas frases que ecoam em mim e quero partilhá-las. Pela beleza, pela verdade, pela descrição simples e porque falam por si (mim)ao fim de tantos meses.

"Não é possível fugir da dor, é preciso domesticá-la para que não incomode"

"Todos nós temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova"


Já alguém ouviu detrás para a frente e de frente para trás o CD da Carminho? Ando com ela esta semana e chego à conclusão que o fado me diz tanto, tanto.

domingo, 25 de abril de 2010

.....

às vezes, só às vezes, é bom estar de baixa médica e planear ir para a praia todas as tardes desta semana.
não soa mal de todo: ginásio, paredão, fisioterapia, praia.
hum... tirando aquele factorzinho de não poder molhar o pezinho e por aí em diante, é bom sentir de novo o sol nas costas, sentir o cheiro a mar e inspirar fundo.

há dias, poucos dias, em que não ter aulas, trabalho e mobilidade me dá algum gozo. é a recompensa do soldado.



já alguém reparou que a Margaridinha voltou a escrever? - Olá Desertora!

sábado, 24 de abril de 2010

1 para 3

Ainda na cama, recebi uma chamada de uma amiga, a quem chamo “a minha médica”! E sem estar doente, sem mais, aplicou-me uma cura!
Já me tinha esquecido que gosto de escrever, e continuo sem perceber porque é que me privo constantemente dos pequenos prazeres da vida…
De pequenos prazeres, não me tenho privado de todos, é verdade!, ainda o fim de semana disse muitas vezes SIM ao queijinho de Serpa e! fui apresentada a um docinho conventual de chorar por mais: ‘beijinho de freira’…não pode ser pecado! [pastelaria Pão de Rala, em Évora].
Na altura, a vida das Três, por três diferentes acontecimentos, tinha sido alvo de mudanças dignas de registo!
Os acontecimentos não pararam, a vida não parou e desde 31 de Agosto de 2009 até à presente, o ‘3 para 1’ mantém-se actual e há novos intervenientes! Mais e melhores!

‘1 para 3’…

terça-feira, 20 de abril de 2010

coisinha sexy, prometes?

o médico disse-me que eu tinha a cabeça torta.
o médico disse-me que eu tinha a cabeça torta.
o médico disse-me que eu tinha a cabeça torta.

OH MEU DEUS!

o médico disse-me que eu tinha a cabeça torta.
o médico disse-me que eu tinha a cabeça torta.
o médico disse-me que eu tinha a cabeça torta.

e ainda que o Nuno me diga que eu tenho que deitar as mãos ao céu e agradecer a dádiva da vida eu não quero ter a cabeça torta.
só hoje, hoje não quero e não posso ter a cabeça torta.

dizes-me que eu não tenho a cabeça torta? e depois dás-me um abracinho? e segredas-me ao ouvido que ainda que eu tenha a cabeça torta serei sempre a tua congas? levas-me ao sushi? falas comigo de filmes e actores? dás-me na cabeça? analisas o meu pensamento enleado? fazes isso? promete-me que ainda que eu fique com a cabeça torta para sempre vais ser sempre meu amigo, vais sempre jantar comigo, vais sempre mandar-me a música certa, vais sempre dizer-me o que preciso ouvir e não o que quero ouvir, prometes?

quinta-feira, 1 de abril de 2010

há estrelas no céu e eu voltei a olhar para elas como se da primeira vez se tratasse.
dói-me o corpinho todo, não há musculo que não tenha trabalhado hoje.
o meu GLORIOSO ganhou.
há dias tão bons de serem vividos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

hoje, quase que voltei a acreditar.
obrigada pi

terça-feira, 30 de março de 2010

Go, Mary, Go

O despertador tocou cedo, levantei o rabo da cama com uma energia não sentida há muito. Hoje é o dia.

Há dias assim.
Hoje é o dia.

Arranjei-me, calcei os ténis e ala. O Sr. Miguel riu-se quando entrei no carro, disse-me "Vai ter frio menina" - "Não Sr Miguel, a andar ninguém tem frio!"


9.07hrs - praia da Poça
9.08hrs - liga o ipod, o cronómetro e começa a andar
9.12hrs - cai uma carga de água das valentes
9.20hrs - a carga de água passa a chuvisco molha parvos
9.44hrs - chegada a Cascais

Go, Mary, Go!
Assim que cheguei a Cascais comecei a partilhar a vitória por mensagens à malta. É que eu sou assim a atirar para o efusiva, gosto de partilhar as minhas vitórias diárias.

Entrei na fisioterapia, bicicleta com ela, nível 10, bom ritmo, o Nuno olhou-me de soslaio e ainda veio deitar o olho no nível, achou que eu estava a fazer batota. Acho que o Nuno ainda não percebeu que a minha batota é outra.

Duas horas mais tarde, muito suadinha, saí da fisioterapia, o sol disse-me Bom Dia.
Há dias que são os dias, e é bom!
A nova fase da recuperação é mais morosa que até aqui, agora tenho que recuperar musculatura, criar estrutura física para suportar a cabeça de alho chocho, voltar a ganhar energia para uma vida quotidiana normal.

Imaginem que o Cristianozinho se lesiona, tratam da lesão e depois ele tem aqueles treinos intensivos à parte, não é? É mais ou menos como eu. Aqui, onde me lêem, sou a Cristianinha do pescoço partido.
O próximo passo é ir fazer treino condicionado para o ginásio, reforçar o trabalho do fisioterapeuta e perder os kilos que se apoderaram do meu bumbum, das minhas coxas e da minha barriga.

HOJE É O DIA.
Já passaram 8 meses, venham mais 8. Estou cá para dar um chuto no rabo às fracturas, para endireitar o pescoço, para recuperar os ligamentos e voltar à ribalta.

Beijinhos,
Maria, Simplesmente Maria

quinta-feira, 25 de março de 2010

alguém encontrou a minha cabeça?

quarta-feira, 24 de março de 2010

a neura de ontem à noite veio para ficar.
se perguntarem por mim... digam que voei

terça-feira, 23 de março de 2010

Maria, simplesmente Maria

tenho esta merda de volta e meia vir escarafunchar o blog e reler o que escrevi. e esta mania parva de fazer sempre isto a umas horas pouco apropriadas para quem tem despertador a tocar de manhã.

volto a reler, e volto a pensar... f%%%%% que eu já passei por muito. mas quem raios é que acha que o pior já passou?

hoje mostrei ao mundo o meu pequeno e renovado pescocinho, ele sentiu de novo o sol a tocar-lhe, apaixonou-se de novo pelo vento, ganhou um colarzinho novo. mas está pouco convencido do divórcio abrupto com o Channel.

estou a ganir com dores.
com um português impróprio para meninas educadas, para leitores respeitados, para espaços públicos.
que se dane.
hoje apetece-me dizer que venci as barreiras todas até aqui, daqui a um ano espero estar nova em folha.
há 8 meses disseram-me que era um ano.
agora é mais um ano.

não me enganem sff.
não me enganem que eu não gosto de ser enganada.
eu até tenho todo o tempo do mundo, e toda a paciência do mundo, MAS NÃO ME ENGANEM, SIM?

tenho dores,
ah se as tenho,
o dia amanhã avizinha-se complicado,
e com dores,
sempre as dores, as malditas dores.

amanhã, o meu pescoço vai voltar a sentir o sol. e nesse momento eu vou saber, mais uma vez, que a vida sabe a gelado de morango.

e hoje, pela primeira vez em muito tempo, eu posso despedir-me e assinar

Maria, simplesmente Maria

segunda-feira, 22 de março de 2010

quando eu acordar amanhã, só vai faltar um dia para eu assinar os papéis do divórcio.

alguém me traz clinex e um ombrinho, sff?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Divórico

Nem sempre o silêncio é sinal de esquecimento, neste caso o silêncio do blog é só um tempo de arrumar ideias e sentir novas sensações.

É uma recuperação mais silenciosa do que até agora por necessidade, um colega meu de curso dizia variadíssimas vezes "para quê falar se o silêncio te compreende?" - lembro-me dele e da frase algumas vezes. Ultimamente não me sai da cabeça.

As fracturas apresentam melhoras consideraveis, a deslocação da c2 sob c3 está lá, não vai a lado nenhum e continua longe do bloco operatório, Graças a Deus, à medalha da Nossa Senhora Desatadora dos Nós e à Senhora minha Avó, ao Senhor meu Avô e claro, ao Nuno e ao seu fantástico dom de milagreiro dos achaques físicos. Tudo o resto é pouco relevante - neste momento.

As sessões de fisioterapia são autênticas horas de tortura da badochinha sem pescoço, ora ela sua que nem um porquinho, trabalha o pescocinho como uma galinha e cansa-se como um cão em dia de passeio na praia. A melhor parte são as fantásticas sestas que as sessões me dão, depois de duas horas de sufoco chego a casa e puf... vou ouvir harpas e anjinhos para uma outra dimensão.

Dentro de muito pouco tempo tirarei o Channel de vez, e que medo. Até agora ele protegia-me o pescocinho, afastava-me da vida e eu acostumei-me a esta condição de sinistrada. Mostrar o pescocinho ao mundo parece-me quase um acto pecaminoso de falta de respeito à sociedade. Intrusão da privacidade. Não sei. É assim como estar nua no meio da rua.

(É só a mim que este post parece desnexado?)

Ia eu dizendo que vou tirar o Channel, mas não pensem vocês que tirar o Channel é sinal de alta médica. Pois, isso mesmo. O Dr. Gonçalo disse-me com o seu ar angelical -"É tão grave agora como no inicio, se isso andar para trás a culpa é sua, veja lá o que faz ao pescoço." - ah, 'tá! Obrigadinha aí pela informação a sangue frio e sem preparação prévia.
Uma pessoa é obrigada a despedir-se do amor da sua vida eternamente, passa de uma relação de 24/7 para um divórcio sangrento e malévolo, e ainda por cima fica a saber que não pode investir no mercado da bolsa assim tão à papo seco.

Tudo mal.
Tudo errado.

E dormir? Vocês imaginam o que é dormir longe do meu bombonzinho? Um desespero. Ele é pesadelos, ele é dores, ele é desconforto, ele é DES-CON-FOR-TO.

"Na vida só resta seguir um ritmo, um pacto e o resto rio a fora" - a sincronização do meu iTunes com a minha cabeça é uma coisa me fascina!

Voltando ao divórcio da minha vida: está-me a custar taaaaaanto.

terça-feira, 2 de março de 2010

Já vos contei que tenho o melhor fisioterapeuta do mundo?
É que mesmo naqueles dias em que entro à beira de um ataque de choro, saio a rir e de alma leve e renovada.

Eu gosto por demais das idas à fisioterapia, e quando der(mos) por ela, já por aí andarei na boa vai ela!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

porque não?

volto a chorar sem estar à espera e... não gosto.
primeiro no congresso, ali, à frente de toda a gente sem saber muito bem como, fungava como um bebe.
depois no consultório.
outra vez no carro.
hoje à conversa com um amigo...

posso escrever asneiras?
&%$/(&$#"(##/"%()=/(==&=%(%$"###&
posso gritar injúrias?
AHHHHHHHH
posso dizer que o meu braço esquerdo está há horas a dar-me choques?
e posso, se calhar, chorar mais vezes, dizer mais asneiras, gritar injúrias e queixar-me com dores,

porque não?

posso controlar muita coisa, mas hoje não me apetece... e chorar alivia.
vou dormir, e vou adormercer co essa ideia das caveiras e das flores, algures há-de estar o meio termo. encontramo-nos no centro.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

K.O.

Resulados práticos da 1ª sessão de fisioterapia:

Fisioterapia - 1
Maria - 0

MARIA K.O.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

ainda aqui não anunciei que começo amanhã a fisioterapia.


ME DO

A Bella e o Paparazzo - UMA SALVA DE PALMAS

Levaram-me ao cinema.
Filme português... hum. Eu tenho sempre um problema com os filmes portugueses, e acreditem que não é o mesmo que o vosso.
Eu tenho um problema com os filmes portugueses porque estudei teatro e porque não percebo porque é que fazemos 90% dos filmes em modo 'filme-intelectual-com-muita-filosofia-de-fundo-de-baú'. Eu, também, tenho um problema com os filmes portugueses porque muitos deles são pastelões e têm cenas demasiado arrítmicas.

Mas eu adorei a Bela e o Paparazzo, de verdade. Não sendo fã da Soraia, sou fã do Marco e do Laginha. Muito fã, mesmo. O Marco é tudo aquilo que eu acredito num actor, dá-me gozo vê-lo em tela grande, a saborear a palavra, o gesto, o momento. É teso, é firme. Eu gosto.

Não caindo na piada fácil, a trama também não entra por piada rebuscada, é humorada, tem ritmo, tem romance, e tem aquilo que me deixa a levitar - frases que ficam, que marcam.

Gosto dos 'pinguins que ficam cá até Sábado'. Gosto da Gaivota a ser relembrada , ainda que ouvir falar em Gaivota me leve outra vez na EPTC, com a Mary a interpretar a Nina como só ela sabia.

Comi um balde de pipocas sofregamente, ao mesmo tempo que ia rindo com uma vontade imensa. Senti orgulho no filme, na história e passei um muito bom momento familiar. Amei a cena do Rossio, e espero que um dia, mesmo que seja daqui a muito, muito, tempo, um homem pegue em mim e dance comigo ali, naquela mesma passadeira, debaixo daquelas mesmas luzes, também descalço.

As filmagens por Lisboa mostram a bela cidade, a luz que só ela tem, os recantos que fazem parte do fado da saudade do tempo que não volta.

Aconselho vivamente que o vejam. Que paguem os 5€ e que aplaudam o cinema português.

Se virem por aí uma Gabriela / João, digam-lhe onde moro.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

dorme bem

há dias em que te levantas da cama e nem sabes o que te espera, quando te deitas tens inevitavelmente aquele pensamento "hoje não me devia ter levantado." também há uns dias em que te levantas e o mundo parece estar à tua espera para te presentear.

ainda guerreias com o despertador, tens sono, estavas a ter um sonho bom com o menino da novela, quase que podias jurar que o menino estava no posto 9 a beber uma aguinha de coco contigo, até poderias dizer que lhe sentias o calor do corpo nas tuas costas. nã... era só um sonho. o mais perto do posto 9 é o Egas Moniz, e o menino deve ser o, pois, esse mesmo.

dás por ti e estás naquela sala de espera que conheces tão bem, sabes de cor o cheiro da senhora do lado, afinal as senhoras cheiram sempre ao mesmo. reconheces aquele auxiliar de acção médica, sabes que as consultas ainda não começaram porque conheces a rotina hospitalar, receias que a greve dos enfermeiros atrase tudo - que se lixe, eles merecem os 1250€ que reclamam, isso e muito mais - dás por ti embalada na música da novela e a sonhar, outra vez com o menino do posto 9, ai não, o outro, pois, esse mesmo!, passa o teu médico por ti e quase que lhe saltas para o pescoço...

DOUTOR, DOUTOOR, BOM DIA DOUTOR!

não tens expectativas, aprendeste há muito tempo que elas não são tuas amigas, aprendeste a reprimi-las bem, sabes que elas podem ser o teu pior pesadelo.

dás por ti a ouvir música, harpas, concerto de violinos. o DOUTOR tem a melhor notícia para te dar, as tuas fracturas estão cada vez melhores, vais começar a fisioterapia muscular e as massagens, vais avançar um bocadinho mais nesta corrida para onde te empurraram sem saberes correr. e queres, tens sede de vida e de mais e essa sede dá-te essa alegria imensa de saberes que todos os dias são uma dádiva de felicidade.

e olhas para a tua Mãe, companheira neste batalha silenciosa, também a tua Mãe tem aquele sorriso de vitória poderosa, e gostas. ah como gostas de saber que nesta batalha vocês levaram, e levarão, a melhor. mais um passo rumo à meta, mais uma conquista a ferro e fogo, e venham mais, não ninguém que vos convença de que o mundo não é vosso.

sais do consultório, quase que abraças o velhote que se cruza contigo, não podes, não era bem visto, mas apetece-te pular... e guinchar, e nunca na vida vais conseguir que as pessoas percebam o que sentes nesses momentos. aposto que os teus olhos brilham nos corredores escuros e doentes do hospital.

o dia continua a correr bem, passas horas à conversa com a T., ela sabe-te e conhece-te, trocam olhares cúmplices sem medos, partilham as alegrias da vida e comemoram-nas, sabem que tudo tem a sua relatividade e estupidamente nunca a percebeste melhor como a percebes agora. acabas a jantar e dás por ti o dia passou.

ganhaste. hoje voltaste a ganhar. não é só porque vais começar a fisioterapia, não é porque tens uma Mãe do caraças, não é porque abriste uma associação, não é porque essa associação vai crescendo como um filho saudável, não é porque tens uns amigos do melhor... é porque hoje sabes que a felicidade chega de mansinho, e no mais básico que a vida tem.

deitas-te à noite na cama e sabes que amanhã também vais ser feliz.