Ligaram-me do hospital, do outro lado pediram-me para falar com a V., ela teve um desastre de carro e tem uma fractura de c2. Puseram-lhe o Prada.
Revi as minhas dúvidas nas dela, o medo na voz, o caminho escuro e sinuoso ainda por percorrer. Quis dizer-lhe que vai ser canja, e não consegui. Quis acalmá-la e responder a todo o tipo de perguntas que ela fazia da melhor maneira que sei e posso.
Quando desliguei o telefone senti que o mundo me tinha escapado outra vez das mãos. Mais uma que perde a inconsciência da vida ao 20 anos, mais uma obrigada a um SOMI por meses, mais uma que tem que aprender o que são paraestesias, o que são choques nos membros, o que são dores e maus estares de uma fractura cervical.
Já passei por tanto que agora tudo o que vier é águinha com açúcar, e ainda assim o que passei e o que perdi ninguém vai poder pagar.
Queria que ninguém tivesse que passar por isto, que a V. estivesse a ter um pesadelo e que muito rapidamente acordasse.
Desculpa V. se não te disse o que querias ouvir, hoje à noite, somos duas a sentir a injustiça da vida. E ainda assim, isso não me faz sentir melhor.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
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