sexta-feira, 19 de março de 2010

Divórico

Nem sempre o silêncio é sinal de esquecimento, neste caso o silêncio do blog é só um tempo de arrumar ideias e sentir novas sensações.

É uma recuperação mais silenciosa do que até agora por necessidade, um colega meu de curso dizia variadíssimas vezes "para quê falar se o silêncio te compreende?" - lembro-me dele e da frase algumas vezes. Ultimamente não me sai da cabeça.

As fracturas apresentam melhoras consideraveis, a deslocação da c2 sob c3 está lá, não vai a lado nenhum e continua longe do bloco operatório, Graças a Deus, à medalha da Nossa Senhora Desatadora dos Nós e à Senhora minha Avó, ao Senhor meu Avô e claro, ao Nuno e ao seu fantástico dom de milagreiro dos achaques físicos. Tudo o resto é pouco relevante - neste momento.

As sessões de fisioterapia são autênticas horas de tortura da badochinha sem pescoço, ora ela sua que nem um porquinho, trabalha o pescocinho como uma galinha e cansa-se como um cão em dia de passeio na praia. A melhor parte são as fantásticas sestas que as sessões me dão, depois de duas horas de sufoco chego a casa e puf... vou ouvir harpas e anjinhos para uma outra dimensão.

Dentro de muito pouco tempo tirarei o Channel de vez, e que medo. Até agora ele protegia-me o pescocinho, afastava-me da vida e eu acostumei-me a esta condição de sinistrada. Mostrar o pescocinho ao mundo parece-me quase um acto pecaminoso de falta de respeito à sociedade. Intrusão da privacidade. Não sei. É assim como estar nua no meio da rua.

(É só a mim que este post parece desnexado?)

Ia eu dizendo que vou tirar o Channel, mas não pensem vocês que tirar o Channel é sinal de alta médica. Pois, isso mesmo. O Dr. Gonçalo disse-me com o seu ar angelical -"É tão grave agora como no inicio, se isso andar para trás a culpa é sua, veja lá o que faz ao pescoço." - ah, 'tá! Obrigadinha aí pela informação a sangue frio e sem preparação prévia.
Uma pessoa é obrigada a despedir-se do amor da sua vida eternamente, passa de uma relação de 24/7 para um divórcio sangrento e malévolo, e ainda por cima fica a saber que não pode investir no mercado da bolsa assim tão à papo seco.

Tudo mal.
Tudo errado.

E dormir? Vocês imaginam o que é dormir longe do meu bombonzinho? Um desespero. Ele é pesadelos, ele é dores, ele é desconforto, ele é DES-CON-FOR-TO.

"Na vida só resta seguir um ritmo, um pacto e o resto rio a fora" - a sincronização do meu iTunes com a minha cabeça é uma coisa me fascina!

Voltando ao divórcio da minha vida: está-me a custar taaaaaanto.

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