terça-feira, 10 de agosto de 2010


o blog vai de férias, e com ele a minha cabeça também vai de férias. já lhe arranjei espaço aqui numa gaveta, prometi-lhe que voltava para ela em setembro. é justo.


o blog vai de férias, eu vou de férias, nós vamos de férias e a cabeça fica por cá a resfrear e a retemperar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"O Amor em Tempos de Cólera"

"A Sabedoria só nos chega quando já não serve para nada" - Gabriel García Marquez

Ora toma lá, Maria. Assim ficas já a saber que quando as respostas às perguntas chegarem já vai ser tarde demais para que te sirvam de alguma coisa.

Ficas desde já avisada que as tuas tormentas só terão paz quando já não fizerem mais sentido. Que as insónias se dissiparão quando o sono já não fizer falta. Que o cabelo estará fantástico no dia em que não tiveres que sair de casa.

Ficas avisada que o amor chega quando menos esperas, que a amizade está lá quando menos esperas, que a alegria vem em pequenos pacotinhos quando menos esperas, que o cheiro estrangeiro na almofada ficará gravado na almofada quando menos esperas.

"As pessoas que se amam deviam morrer com todas as suas coisas" - Gabriel García Marquez

Porque deixam recordações, porque deixam livros por ler, porque deixam cheiros, passos, pensamentos. Porque deixam saudades em tudo o que lhe pertenceu. Porque um dia a almofada não vai ser mais ocupada. Nunca mais.

Abro o livro, devoro o primeiro capítulo, o segundo, o terceiro... ora bolas! nem um papelinho para apontar frases que me trazem à cabeça pensamentos para depois? Ah, o telemóvel, o telemóvel guarda coisas... yes!

E ali, sentadinha à sombra de uma árvore, "O Amor em Tempos de Cólera" deixa-me voar para a certeza que tudo isto um dia deixará de fazer sentido.

Quando saíres fecha a porta, sff.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Desarruma o que quiseres

Genuíno- adj
1. Puro; sem mistura
2. Legítimo, próprio, verdadeiro, natural.

Normal- adj 2 gén
1. Regular; conforme a norma.
2. Exemplar.
s.f.
3. Usual.

Quando a genuinidade e a normalidade andam de mão dadas a tranquilidade bate-te à porta e sentes-te bem.

Nessa altura abres-lhe a porta, meio a medo deixas que a normalidade e a genuinidade entrem se sentem à mesa e alegremente partilhem contigo as expectativas da vida. Dás por ti e jantaste com elas, dividiste com elas aquilo que és e aquilo em que acreditas.

Há pessoas assim, que chegam e desarrumam a casa, sentam-se no teu canto do sofá, comem a tua última bolacha, deixam a roupa suja no chão, não lavam o lavatório depois de lavar os dentes e tu não te importas. Sabes quando tens que ser certeira, sabes quando tens que ouvir, sabes quando precisam de um ombro e quando o silêncio chega.

Não é comum que entrem assim na tua vida, a tua sala está cheia de pessoas. Genuínas. Normais. Que se sentam no teu canto, que dormem com a tua almofada e por quem darias a vida. Estão lá há muito tempo, há tanto que te conhecem bem e que sabem que mesmo que pisarem o risco vão continuar a ter lugar cativo.

Um dia a porta volta a abrir-se, é a genuinidade e a normalidade em forma de pessoa. Abres a porta a medo, desconfias nos primeiros vinte minutos, e no fim sabes que mesmo que coma a tua última bolacha, não importa - é amigo.

Amizade é isso mesmo - é (re)conforto.

domingo, 1 de agosto de 2010

auch

pedem-me para reagir e não percebem. se calhar não pararam para ver que eu não posso reagir a uma coisa que já não me pertence.

não sou mais eu. deixei de ser no dia em que o carro resvalou. é uma merda, mas é a verdade. pelo menos a minha verdade e aquilo que eu sinto. e a nossa verdade é sempre mais válida que a dos outros.

as últimas semanas têm sido uma luta enorme contra noites de insónias, contra lágrimas gordas, contra sentimentos de revolta. nunca me tinha sentido tão revoltada com tudo isto até há bem pouco tempo.

já não sou eu, e o que sou é novo. tão novo que quase me consigo observar de fora e analisar o que disse e o que fiz.

pudesse eu voltar atrás e não me teria enfiado naquele carro naquela manhã.

não me identifico com o curso, não tenho nada nele que me faça acordar de manhã e sentir feliz com a perspectiva de voltar à faculdade. nada. também não sei o que é me faria feliz agora. comunicação cultutal? gestão cultural? gestão das organizações? comunicação política?

teatro? cinema? televisão?

nunca vou conseguir que perceba que o teatro deixou de fazer sentido porque era demasiado de mim que me pediam. porque era tudo aquilo que eu não queria representar no futuro.

hoje outra vez o mesmo. porque para mim o curso deixou de fazer sentido, porque a maria que foi para salamanca não voltou mais, porque o que viu a inebriou, porque quando voltou achava que tinha a vida aos pés e trocaram-lhe as voltas.

uma merda. uma merda não saber gerir estas emoções todas e saber que quando tocam no assunto eu desabo. porque eu também acho que posso desabar, não posso?

ao menos hoje posso desabar e enrolar-me em conchinha, e isso é bom! e posso limpar as lágrimas sozinha e posso levantar-me para me assoar.

mais uma vez, sinto-me num carro, a 200km/h numa estrada sem saída e com uma parede de betão à frente. vai doer. vai voltar a doer.
quantas batalhas tens que ganhar para que a guerra termine?
e quantas vezes tens que sonhar com a mesma coisa até um dia não sonhares mais?
e quanto tempo demora a esqueceres-te de te lembrares?


o segundo lugar é o primeiro dos últimos. sempre.