Outra vez, tubo da TAC, silêncio, tecto de hospital, barulho, silêncio, barulho, silêncio. Outra vez, o meu corpo estendido na cama da TAC, esticadinho, imóvel, não se mexa senão temos que repetir, cabeça encaixada no suporte, barulho, silêncio, barulho, silêncio. Olhos focados no tecto do hospital. Jogo do galo. Cruz, bola, cruz, bola, cruz - ganhei. Temos mesmo que tirar os brincos, desculpe. Tiro os brincos, está a ver como tinha razão? eu bem lhe disse que era melhor tirar os brincos. Dez brincos. Mas porque é que eu tenho tantos furos? Ah, só tem que tirar os primeiros, os outros deixe estar. Barulho, silêncio, barulho, silêncio, jogo do galo, anjinhos por favor acudam-me mais uma vez; já está! pode ir vestir-se.
Zarpo dali o mais rápido que consigo, não quero que o cheiro do hospital se entrenhe em mim mais uma vez, não quero sequer ponderar ficar ali mais que o estritamente necessário.
Tenho a estranha sensação de ter deixado o último jogo a meio.
Cruz, bola, cruz, bola...
segunda-feira, 28 de março de 2011
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o que importa é que fiques bem! beijinho*
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