quarta-feira, 28 de outubro de 2009

uma estrela cadente

faz hoje três meses eu estava sentada na mansão às cores da Roda Viva a preparar a actividade do dia seguinte. tinha um cansaço que me consumia a capacidade de concentração, ainda assim, com muito esforço, trabalhei até perto das 3 da manhã.

chorei agarrada ao Mike. não me lembro qual era a tristeza daquele dia, ou talvez me lembre agora que penso nisso. os miúdos mais velhos estavam a ter a festa de despedida, aquilo mexeu comigo -um deles, o mais velho, que já me conhecia de outros campos, confidenciou-me debaixo de um céu estrelado que ia ter saudades.
e eu disse-lhe que todos os anos tenho saudades do que vivi nos campos de férias.
todos os anos eu tenho saudades de qualquer coisa que nunca mais vai voltar a ser como era.

aquele céu cheio de estrelas olhou pela última vez para um pescoço sem marcas.
o Pedro ouviu da minha boca o que eu não digo muitas vezes.
o Zé recebeu um mail que deixou de fazer sentido passado muito pouco tempo... e eu escrevo ainda assim mais e mais.

as palavras perderão o sentido com o passar do tempo?
os sentimentos perderão o sentido com o passar do tempo?

a Maria daquela noite nem sonhava que se ia lembrar tão bem dos últimos minutos daquela noite, nem sabia que na manhã seguinte ia ser a última do Verão em total liberdade, nem podia supor que se estava a despedir de uma inconsciência feliz. foi-se deitar e dormiu.
acordou, tomou um longo e merecido banho, tomou o pequeno almoço sem grande pressa e saiu.

não voltou.
nessa noite, não dormiu e teve medo.
estava no hospital

1 comentário:

  1. Um beijinho, Maria.
    Dentro em breve serão apenas memórias de uns dias menos felizes, que se hão-de esbater-se com o tempo.
    Memórias novas hão-de cobri-las com o seu manto. Memórias felizes, até não restar, das outras, senão uma ténue recordação.
    :)

    ResponderEliminar