quinta-feira, 29 de julho de 2010

Há um ano atrás já estava no Egas, ligada às máquinas e a lutar para me manter à tona.

Obrigada, Deus Nosso Senhor, que me deixou por cá mais uns tempos. Obrigada.

um ano, 365, muitas horas depois...

"Estou, Maricotas! Há um ano atrás deste um chuto à morte minha filha!"

"É verdade, Mãe! Altamente fixe, não é?

"É, filha! É altamente fixe!"

quarta-feira, 28 de julho de 2010

sei o que estava a fazer há um ano, e raios me partam se este sufoco não se vai embora agora.

quem é que inventou as insónias? e as angustias? e as dores que sufocam?

quem inventou noites de lua sem companhia?

quem inventou músicas como o "Your body is a wonderland"?

quem inventou que agora ia ser mais fácil?

deixem-me dormir e sonhar com Princesas. Só Hoje, por favor.
QUEM ESTÁS QUASE A FAZER UM ANO, QUEM É, QUEM É?

As fracturinhas mais perfeitinhas do planeta.

AMANHÃ É DIA DE FESTA.

E eu vou vestir um vestido, e vou jantar fora, e vou brindar à vida.
Amanhã eu vou vestir um vestido e deixar para trás este ano.
Amanhã é um novo dia. E um dia tem que ser O DIA.

terça-feira, 27 de julho de 2010

o meu peixe preto morreu - estou de luto.

não dormi mais que três horas - estou derreada.

está um calor dos ananazes - fisioterapia e praia.

a minha cara parece um bolo - vivam os óculos de sol.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

http://estilhacossalmantinos.blogspot.com/2009/03/meu-querido-e-estimado-tempo.html#comments


depois de ler isto ainda há alguma coisa a dizer quando são 3.21 e eu não durmo?
até pode ser que ninguém venha a perceber, mas:

O iTunes É UM PUSSY! O REI DELES!

wtf

abro a porta de casa e sinto que ela me vai sufocar.
estamos a dia 26 de Julho. daqui a 3 dias faz um ano.

há mais de quinze dias que tento não repetir a rotina de há um ano atrás. não fazer os mesmos programas, não ir aos mesmos sítios, não falar com as mesmas pessoas, não comer as mesmas coisas.

acho que estou a fritar a pipoca.

tento controlar a ansiedade que tem vindo a tomar conta de mim. respiro fundo. rodeio-me das meninas. apanho sol e dou mergulhos na esperança que a neblina fique dentro de água.

mais uma desilusão. logo agora. e o tempo que não passa rápido, e quinta-feira que nunca mais chega. e as arrumações e as decisões que têm que ser tomadas.

e o coração que parece que vai saltar da boca porque não se aguenta cá dentro, e a comida que mal passa no estreito e o que foi que nunca mais vai voltar a ser.

"um dia troco o certo pelo incerto"
"só daqui a dez ou vinte anos"

a história é cíclica.
tão cíclica que até enjoa.

sábado, 24 de julho de 2010

sabes que não há volta a dar quando chegas à cama e dói. nem que seja só um bocadinho.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

ITENS VARIADOS - DECISÕES VÁRIAS

Arrumar itens também é arrumar ideias, pensamentos e tomar decisões.
O meu projecto on going é, como o da maioria das mulheres, arrumar roupa, sapatos, lenços, cintos, lingerie e acessórios de maneira a ter uma boa visibilidade do que tenho para vestir.

Hoje foi o dia.
Saca tudo para fora, faz uma feira no quarto, dança ao ritmo do iPod e descobre coisas perdidas nos mistérios do armário.

Talvez a ideia não tivesse sido das melhores dos últimos tempos, ao fim de uma hora estava a rogar-me pragas.

Descobri que entre Salamanca e um ano de roupa adaptada às necessidades o meu armário está repleto de coisas que não saíram à rua mais que duas vezes, se tanto. Parece-me quase pecado.

A minha Mãe vai dar pulinhos de alegria quando chegar a casa e descobrir que eu arrumei tudinho por cores, feitios e tamanhos.

Como todas as ideias têm o seu q. de benefícios, eu descobri uma serie de toilletes novas e possíveis para esta fase de peixe balão. É bom, sobretudo é muito bom. Também descobri que possuo uma grande parte de roupa de desporto!? Mais roupa de desporto do que roupa de campos de férias... ups! Quer isto dizer que desde que ando no Nuno a minha roupa alterou-se drasticamente. Quem por engano abrir o meu armário deverá achar que eu sou uma freak do desporto.

Claramente esse não é um ponto a meu favor. Eu até gosto de desporto, e muito. Mas de freak não tenho nada, desporto q.b..

Voltando às descobertas e às arrumações, tudo isto serve para tomar decisões e arrumar pensamentos.

Vou andar para o paredão e reflectir no que pensei enquanto arrumava a bagunça da minha roupa e tomar decisões.

Amanhã é Sábado, dia de Tertúlia e eu quero ter brindes a fazer às minhas novas decisões.

NUNCA MAIS DIGO QUE NÃO TENHO NADA PARA VESTIR

quinta-feira, 22 de julho de 2010

4 caixas - uma adolescência

abri as caixinhas de recordações dos 12 aos 18 anos.

sim, eu abri as caixinhas de recordações depois de tantas vezes ter pensado que por lá deviam habitar os mais religiosos tesouros de amor.

encontrei de tudo. postais. bilhetes de cinema. carteiras. agendas. bilhetinhos de amor. cartas de amor. cartas de desespero e desilusão amorosa. canetas. fitas. fotografias. t-shirts. diários a quatro mãos. desenhos. bilhetes de comboio. bilhetes de metro. bilhetes de autocarro. cartões da escola. diplomas. dados. um pensador. declarações de amor. cartas de amigo secreto. presentes de amigo secreto. óculos de sol. revistas. artigos, crónicas. aparelho de contenção (!). autocolantes. serigrafias. bolsinhas. conchas com promessas de amor eternas. nomes. moradas. telefones. caras. amizades. irmãos. companheiros. calendários. porta-chaves. máquina de calcular. canetas. isqueiros. corações em plásticos dos maços de cigarros. libras. dólares. escudos. etiquetas. fitas. albuns.

erros. aprendizagens. episódios. "k", "x" e "w" em vez de "q", "ch" e "l". sonhos. ânsias. pensamentos. declarações. obsessões. vida.

sobretudo encontrei vida.
a maria está do outro lado do mundo e ela ia rir-se tanto com tudo o que eu descobri! e a tancy está de viagem. porra! queria partilhar com elas estas memórias todas.

houve tanta gente a ficar pelo caminho, e há tanta gente que ainda anda por cá hoje! crescemos tanto. já não temos ar de hormonas, o acne sarou, os corpos desajeitados são hoje corpos adultos. uns casaram, tiveram filhos. há licenciados, mestrados, solteiros, altos, baixos, magros, ganzados, cocaínados, noivos, felizes, infelizes, lutadores, desistentes.

daqui a 10 anos voltarei a reler tudo isto e a voltar a sentir que tanta coisa deixa de fazer sentido. o amor dos 13 anos reencontra-se num café de acaso. a amiga dos campos é mãe. o monitor é director técnico. a pita é a pita. a tancinha é a tancinha. o teatro retoma-se. o irmão foi e voltou. a irmã já não dança. a ginástica ficou para sempre lá atrás. o menino do hóquei é pai. a luisinha vai ser mãe. as martas seguiram os caminhos diferentes. o manel está em cabo verde. a mary brilha lá no alto. o gordo é o gordo de outra. eu parti o pescoço.

o melhor de escrever sempre tudo é um dia mais tarde catalogar tudo e sentir-me feliz por tudo o que já vivi.
E que tal uma aguinha das pedras numa esplanada à beira-mar, um geladão no santini, um pezinho de saldos?

Obrigadinha meu xuxu gostoso! Passar a tarde consigo é sempre TOP TOP TOP.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

eu já percebi que andei a brincar com o fogo, e que o fogo me queimou.
também sei que não estava à espera de uma queimadura tão repentina nem tão grave.
mas agora dá para me devolverem o sono, dá?

mas porque raio é que eu voltei a ter estas insónias em forma de... pior que tudo é que parece que... não me deixa em paz. deito-me a ver televisão e BAM, ali está o barulhinho irritante, venho para o quarto e BAM, outra vez um barulhinho irritante, adormeço e BAM, estou rodeada de barulhinhos irritantes.

se eu pudesse não associar o barulhinho irritante era fixe. assim via televisão mas o barulhinho irritante não era irritante ao ponto de irritar e de me tirar o sono. era só um barulhinho irritante.

"custa virar a página?"
"não é a página que custa virar, é ler o livro todo até ao fim"

quero sair deste capítulo já, virar a página não custa, é verdade. eu disse que não ia custar. (odeio admitir estas coisas... ainda bem que o T., o V., o N., e as babes não passam por aqui tantas vezes quanto isso)

pronto. depois de descarregar posso pedir ao Sindicato dos Sonhos um sonho sem barulhinhos irritantes e pessoinhas que a - do - ram esses barulhinhos e pedir, já agora, que ele venha depressinha?

obrigadinha!

ONE DAY WILL BE TOGETHER

Desde há muitos anos que os meus meses de Julho são repletos de pó, barulho e actividades.

Comecei muito miúda, a medo, e desde o primeiro dia soube que os meus Verões nunca mais iam ser os mesmos. Os campos de férias ajudaram-me a ser o que sou hoje, a partilhar e a dar sem esperar receber nada em troca.

Os dias eram sempre diferentes, com sabores variados e com emoções vividas ao máximo. Cresci. Os amigos cresceram. Um Verão menos um, no seguinte menos dois e assim foi até ninguém mais ter vida para passar o mês de Julho entre mosquitos, melgas, lanternas e músicas de amor.

Tornei-me monitora. Desafiei-me a mim diariamente. Acreditei que fazia o meu máximo todos os dias e que isso me chegava para chegar ao fim do dia feliz.

Um dia passei a coordenadora. Foi difícil. Tive medo, os cargos de chefia são minuciosos, complicados do ponto de vista humano, de bom senso e sobretudo de paciência. A expectativa do perfeito nunca é alcançada e é uma luta perceber que os erros existem e existirão sempre.

É Julho. Estou em Lisboa. Não sei se algum dia vou voltar a sentir a adrenalina dos campos, se vou ter jantares temáticos, noites de terror, reuniões de equipa, dias de aventura, noites mal dormidas. Não sei. Porque eu já não sei programar o ano vindouro.

Apetece-me vestir uma t-shirt e abraçar uma equipa, trabalhar arduamente para vencer todos os jogos. Não posso.

Não sei o que se faz em Julho quando não se trabalha. Fisioterapia, ginásio e praia?! E quando a praia não está boa? As amigas estão a trabalhar... a restante malta está nos Algarves e eu sinto-me sozinha.

Pela primeira vez não estou nos campos de férias e não sei o que fazer.
dói-me casa musculo dos meus braços e costas... mas eu hei-de conseguir fazer series de 10 naquela máquina!

domingo, 18 de julho de 2010

Barulho Silencioso

Tive o melhor Domingo dos últimos tempos. Ali para o lado de Bucelas, na Romeira, com as grandes amigas Siqueira como anfitriãs, a piscina a convidar umas braçadas desejadas, a família em torno de uma mesa, as Avós com cabelos de Avó e batons de Avó, os cães, as cigarras, as águias, o sol de Verão e a minha Constancinha e o seu fato-de-banho de filme.

Tão bom, tão bom que queria eternizar o sentimento de calma e tranquilidade por muito tempo, e esperar que ele ficasse para sempre. Era bom. Eu gostava.

Regresso a casa, cheira a casa, sabe a casa e está em silêncio profundo. Não é pior, é só diferente. Talvez consiga reconhecer os carros dos vizinhos, me perca com as folhas das árvores que dançarão pela noite dentro. Gosto.

Tenho uma ponta de tristeza e essa, algo me diz, veio para ficar. Se dói? Não! Só me deixa um bocadinho triste, porque há estórias que não deviam acabar sem terem chegado ao fim, porque há pessoas que são demasiado especiais, porque nem sempre os Domingos podem ser totalmente felizes.

Os Domingos não são felizes, pois não?

Amanhã recomeça o ciclo semanal, fisioterapia e ginásio e praia sozinha e jantar sozinha e noite sozinha e o caminho faz-se a pé e com calma. A calma que não (desa)sossega.

Mais uma semana e daqui a pouco estaremos a festejar a felicidade de um ano de vitórias e nesse dia eu deixo de vez o ano em que mais sofri, que mais cresci e que me moldou para sempre. Um ano que não sei como ultrapassei nem me imagino a ter igual. Foi duro, pesado, deixou-me a ansiedade de entrar num carro e uma moça algures que um dia há-de ser pequenina e quase insignificante.

O barulho do silêncio vai deitar-se comigo, a ansiedade também. A pouco e pouco retomo a vida e tenho medo de não conseguir superar as expectativas depositadas em mim. Terei forças, silêncio? Diz-me, terei eu forças?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Aqui, diante de mim, eu lamechas me confesso.

Quero agradecer, novamente, as respostas e os comentários ao último texto publicado. Já sei que fiz soltar umas lágrimas por esses escritórios fora, que foram muitos os ecrãs que ficaram turvos e muitos os teclados que se molharam. Não era, de todo, a minha intenção por a maltinha a chorar, era só por a malta a rir e agradecer.

Já sei que sou lamechas e que volta e meia a minha escrita põe alguém a chorar, mas não deixem de me ler por isso, sim?

Maria Lamechas

segunda-feira, 12 de julho de 2010

HABEMUS FRACTURAS COLADAS

HABEMUS FRACTURAS COLADAS
HABEMUS FRACTURAS COLADAS
HABEMUS FRACTURAS COLADAS

Eram 9.47h da manhã e no serviço de Neurotrauma existia o corre corre normal dos banhos e das visitas médicas.
Avistei o Dr. Gonçalo ao fundo do corredor, senti uma calma há muito tempo desaparecida. Sabia que as expectativas se tinham perdido há muito tempo.

Entreguei-lhe a Tac e o relatório, abriu, viu e reviu, leu o relatório e disse:

"Estão coladas, ligeiramente tortas mas coladas!"

Não realizei, nem me apercebi bem das palavras.

Sou uma abençoada de Deus, uma abençoada pela vida e por todos os que me rodeiam. Choro copiosamente de alegria, cada lágrima é agora um alivio de felicidade. É cada pessoa que me apoiou, cada terço rezado, cada abraço sentido, cada mensagem de força.

Quantos Obrigadas poderei eu escrever para que percebam que, de facto, sem vocês a recuperação não tinha sido a mesma coisa?

Não é porque passou quase um ano, não é porque hoje eu voltei a nascer de novo, não é porque o pior fisicamente já passou, não é porque as coisas correm bem e eu mexo as perninhas e os bracinhos anafadinhos, não é porque as batalhas têm sido ganhas, mas é porque a guerra ainda está longe do fim e as tropas merecem um sincero e eterno OBRIGADA.

Há quase um ano eu levantei-me da cama a muito custo, trazia sobre os ombros o cansaço de 7 semanas a trabalhar em campos de férias fechados, tinha a missão de organizar o dia seguinte: actividades de exterior para 100 criancinhas azuis e verdes. Saí para o terreno com a vontade de a cumprir mais rápido que a luz.

Só tinha a vontade.
Como hoje tenho a vontade de vos escrever.
A vontade.

A meio da tarde tinha mais que a vontade e menos que a missão cumprida. Tinha a cervical partida, a vida suspensa, o corpo na eminência de deixar de obedecer.

Eu lembro-me. Lembro-me de tudo. Mais do que me queria lembrar, e espero que um dia a recordação não passe mais do que uma gaveta empoeirada no sótão das recordações dos vinte. Até lá eu relembro todos os dias a Sorte e o Amor que não me largaram nunca.

Agradeço.
Agradeço do fundo do coração as palavras de conforto, as mensagens e os emails de apoio e de força, as velas acendidas, os terços rezados, as noites mal dormidas, os mimos, os sumos, as gelatinas, os doces, as leituras à cabeceira, as visitas às escondidas, as visitas autorizadas, a estrelinha da sorte, a medalha de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Agradeço as horas de espera nas Urgências de São Francisco e as outras à porta do Egas Moniz.

Costumo dizer que em muitas alturas há-de ter sido mais complicado para muitos de vós do que para mim. Naquelas horas de incerteza, a minha força, a minha energia, canalizavam-se para um corpo que não podia deixar de obedecer. Nos poucos momentos em que me deixei levar pela emoção tinha a imagem de umas mãos que nunca mais me iriam responder, umas mãos inanimadas e sem vida. Sabia que não podiam ser as minhas, tinha a certeza que não podia ficar por ali o livro que nunca publiquei, a árvore que nunca plantei, os abraços que não cheguei a dar, e tantas outras coisas. Eu tinha a certeza, mas também tinha a vontade, e nem sempre a certeza e a vontade chegam.

Hoje, aqui, dispo-me em frente ao teclado, de coração nas mãos e deixo que elas escrevam livremente o que o coração lhes dita.
Deixo que façam o seu trabalho, para que a cada linha e a cada palavra de gratidão TODOS saibam que esta vitória é vossa. Toda vossa.

quinta-feira, 8 de julho de 2010