quando me criaram este blog a finalidade prendia-se com as novidades do meu novo mundo. talvez hoje o blog comece a deixar de fazer sentido, não conte mais as novidades de um mundo novo. este mundo, este meu novo-velho mundo, é cada vez mais o meu mundo normal.
os mundos normais não têm importância nenhuma, pois não?
as pessoas não têm blogs a descrever a manhã no trânsito, o almoço com os colegas, a tarde numa esplanada, o fim de um dia atarefado. têm?
as pessoas não fazem blogs para dizerem aquilo que não conseguem dizer, ou fazem? as pessoas não fazem blogs porque alguém vai ler, e se calhar perceber, o que está por lá escrito.
não sei se o blog continua a fazer sentido. eu sei que escrever nele me dá uma ligeira sensação de alívio e desabafo. mesmo quando a mensagem podia ser transmitida cara a cara, mesmo quando não é bem por causa do blog que a cabecinha se vai arrumando. ou talvez seja. não sei. já não sei mesmo nada.
também não me apetece especular muito sobre o sentido de tudo isto. li, outro dia, que quem pensa demasiado morre mais depressa. toda a gente sabe que eu penso, demasiado. (se calhar é por isso que me dizes sempre que eu não posso negar uma coisa que, à partida, quero.)
volto a lembrar-me da ideia de o blog ser uma montra do que somos. eu gostava de ser invisível. pelo menos nalgumas ocasiões eu gostava de ser invisível, não ter que me preocupar se as mãos estão arranjadas, se o cabelo está com personalidade própria, se a roupa é a adequada. às vezes eu gostava de ser invisível.
(na sexta eu gostava de ter sido invisível, porque a boca diz o que a cabeça manda e os olhos fazem o que o coração sente.)
o blog descreve minuciosamente essa relação disparatada dos dois. a minha cabeça e o meu coração nunca andam de braços dados, nem devem saber as razões porque nunca se entendem mas odeiam-se profundamente.
a cabeça, volta e meia, controla a escrita e tenta que ela não seja a voz do coração, o coração dá-lhe a volta e despeja tudo para o blog.
e eu penso, eu Maria, este blog já não faz sentido, pois não?
terça-feira, 28 de setembro de 2010
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