um dia acordas de manhã e não sabes quem és, quem foste ou quem poderás vir a ser.
um dias acordas e aprendes que não podes voltar as erros de sempre, aos caminhos de sempre e aos vícios de sempre.
um dia acordas de manhã e a vida tem uma vida para te ensinar. dói tanto que te parece um plano paralelo à realidade. é tão cruel que não pensas no assunto para não te revoltares.
e um dia voltas a acordar e o pesadelo ainda não passou. porque não passa só com o tempo. porque não passa só porque queres. porque aquilo que pode parecer fácil à luz do que já foi difícil não é, de todo, simples e descomplicado.
- Já estás boa?
- Para lá caminho.
quero tanto responder que sim, que estou boa, que acordo sem dores, que passo os dias sem me lembrar que a vida me passou a ferro, que naquela tarde tudo mudou. quero andar para a frente sem medo de cair, sem medo de escorregar, sem medo de esfolar o nariz, os joelhos, as mãos.
quero correr.
quero nadar.
quero pular.
quero fazer cambalhotas.
quero fazer o pino.
quero conhecer o deserto num jipe.
quero mergulhar de cabeça.
quero dormir sem pesadelos.
quero acordar sem dores.
quero esquecer o que são dormências.
quero viajar de mochila às costas.
quero não voltar a entrar na sala das TAC's.
quero poder contar ao meu marido o que mais me doeu.
quero esquecer o que mais me dói.
quero apertar vestidos ao pescoço.
quero usar colares pesados.
quero que o cabelo cresça.
quero que as cicatrizes desapareçam.
quero voltar a acreditar que amanhã é amanhã e há tempo.
é isso. eu quero.
as férias, ao fim de tanto tempo foram um balanço. foi um reencontro com aquilo que é a vida na sua essência.
devorei um livro que me respondeu a perguntas caladas. e um dia talvez eu consiga perceber porquê.
hoje eu fiz a mim própria a única pergunta que não podia ter feito. e dói.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
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