segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Burocracopes

Brincar aos carrinhos de choque em Portugal implica, para além do incómodo hospitalar, o incómodo das burocracias a que somos sujeitos.

Ele é papel e mais papel para o seguro, papel e mais papel para a Faculdade, papel e mais papel para provar aos Anjos e Arcanjos que sofri um pequeno percalço e fui visitar as ravinas da Estrada de Colares.

Senhores e Senhoras, nesta ânsia de papéis e papelinhos está em jogo o meu regresso às aulas tão desejado.

Ando a brincar aos requerimentos online para tentar fazer ver a quem de direito que por apenas duas semanas eu posso perder o semestre todo e ver assim o meu curso terminado em 2011... isso, eu que devia estar neste momento a babar-me por um estágio. Dois mil e onze. Dois mil e onze.

Esperem lá, eu estou a escrever DOIS MIL E ONZE?! Quer-se dizer que eu tenho o azar de ter um acidente, passar por tudo o que tenho passado e porque a merda do processo de Bolonha insiste na assistência às aulas eu chumbo? E lixo mais um ano, assim como assim é só mais um ano... eu até nem tenho este ano todo tramado à pala do acidente, mais um ano... só mais um!

Fazendo as contas por alto:

  • em vez de começar a procurar trabalho ao 22 começo aos 23/24

  • em vez de me candidatar a mestrado já em Maio de 2010 só me candidato em Maio de 2011

  • em vez de a Faculdade facilitar uma situação por si complicada só põe entraves e isso na minha cabeça é mais um ano e meio nas minhas contas para arranjar trabalho, emigrar para o Brasil, tirar o mestrado em Gestão Cultural, arranjar uma casinha e viajar muito e muito


Tirando fora o tom irónico, a verdade é que me irrita solenemente que tudo neste País seja movido a papéis e pedidos especiais. Eu até tenho todo o tempo do mundo, é verdade, mas não tenho toda a paciência para cada vez que o papelinho muda de mão ter que explicar toda a história mais uma vez.

E depois ouvir os "ah's" e os "oh's" e todos os comentários inerentes a essas pequenas interjeições que se fazem quando alguém tenta explicar que partiu a cervical mas vai estar boa e vai precisar de retomar a sua vida normal dentro em breve. Adoro.



Adoro ainda mais que o seguro ainda não tenha dito nada, pago nada e esteja pouco interessado em saber como eu estou. Afinal de contas para que é que as pessoas têm seguros? E para que é que as seguradoras têm médicos se os médicos não vêm a casa? Eu é que tenho que me deslocar para o senhor olhar para mim e com os seus olhos raio-x verificar as fracturas. Aparentemente não lhe chega os papeis da polícia, os relatórios dos bombeiros, os exames médicos, o relatório médico, o relatório do próprio senhor dos seguros... não, não lhes chega porque isso era simplificar e para quê simplificar quando se pode complicar?



Algo me diz que a saga das burocracopes ainda vai no prefácio!

1 comentário:

  1. E já pensou que tudo isto pode ter acontecido, para lhe dar tempo para se preparar para a "grande oportunidade" da sua vida?
    Os desígnios de Deus são misteriosos...
    Nada acontece por acaso.
    E Deus, tal como eu (quem é vaidosa, quem é?), não dá ponto sem nó!
    Pense nisso, enquanto tem tempo.
    E não se esqueça que o Presente é um presente.
    E, mal damos por ele, já passou!

    Um grande beijo, nessa bochecha linda!
    Repenicado, para ecoar no tempo, no espaço e no ouvido.

    Mas sempre cheio de ternura, do meu coração para o seu
    Conceição

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