quarta-feira, 16 de setembro de 2009

POKER STAR

É nesta magia inexplicável do ir e do voltar que o sonho ganha umas novas cores e os seus contornos ficam tão mais visíveis quanto a ansiedade.

Se soubesse o que sei hoje teria ficado tanto por escrever e por dizer... quem disse que o silêncio incomoda? Silêncio, meu amigo, foi o que me trouxe a paz que desejei tantas e tantas vezes. Foi por ti e só por ti que ela se deixou ir numa busca de amor que nunca existiu nos livros das vossas vidas. Deixa para trás o que lá vai, respira fundo, enfrenta esta vida que te rodeia e que não te pede licença para andar.

Embebeda-te. Desfruta. Respira. Anda. Caminha. Apaixona-te. Vive. Entrega-te. Recebe.

Baralha as cartas, dá o jogo, vê a sorte que te calhou em mão – aposta, observa, abre jogo, joga.

Quantas vezes, repetidamente, fizeste o mesmo? Viste o que realmente lá estava? Algum dia te apercebeste que o jogo que te calha te dá pistas?

Acende um cigarro, deixa-te ir pela madrugada fora, ela olha-te como se nunca antes te tivesse desejado, e até talvez nunca te tenha visto antes. És outro, estás outro. Queres ser outro na magia do tempo. Consegues? Porque me perguntas se consegues? És tu que tens que achar as novas respostas.

Perdeste. Baralha outra vez, desta vez com mais garra que a anterior, deixa-te ir pela fichas que perdeste. Não hesites. O segredo está em não hesitar. Isso – acende mais um cigarro... ele que te consome as noites em que pensas que pensas sobre ti e a nenhuma conclusão chegas porque nem a isso te dás ao trabalho.

Ela continua ao teu lado, ela acende também um cigarro, nessa nuvem de fumo que criam à vossa volta ela sabe que vai acabar a amar-te mais uma vez. Ela quer amar-te mais uma vez, ou só desta vez. Ela sabe que estás perdido. Ela está perdida. Elabora bolas com o fumo, quer encontrar a saída do próximo jogo. Tem medo, cruza e descruza as pernas – se a conhecesses saberias que ela só estava à espera do teu sorriso. Nunca a quiseste conhecer, nunca a olhaste. Por detrás dos seus olhos cor de mel de menina das tranças pretas ela é mulher, mais mulher que muitas casadas e mães de filhos. Tem sonhos. Tem ambições. Tem desejos. Tem segredos. E tem silêncios.

A sorte virou, está do teu lado. Sabes que veio para ficar, e nessa arrogância própria de quem cavalga pela noite apostas tudo e tudo ganhas. Foi sorte. Foi inteligência de jogador nato.

No fim, também tu sabes que a queres amar aí mesmo, numa comunhão com o fumo e com o tapete que tens aos pés. Também tu estás desejoso que algo faça mudar o rumo da noite, que a frieza dê espaço ao calor de outrora. Lá fora chove, queres poder dizer-lhe tantas coisas e nada lhe dizes. Falta-te a coragem de quem não tem medo do silêncio depois da guerra, falta-te a certeza que a verdade é o único trilho que podes escolher. Falta-te tudo. E se a olhares, se a vires profundamente, saberás que nada te falta.
O silêncio falou por ti.



Há mesmo coisas de que não tenho saudades. No fundo, a relatividade das coisas veio ter comigo quando o carro andou aos pinotes... obrigada carrinho, estava mesmo a precisar de relativizar!

http://http://www.youtube.com/watch?v=Ngf5Oo_XrjI

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