terça-feira, 29 de dezembro de 2009
2009/2010
Voltei a ter pesadelos.
Três carros, um despiste, uma morte, dores, hospitais, macas, médicos, salas de espera. Tudo outra vez tão real e tão doloroso como da primeira vez.
Acordei pequenina, com medo. A chuva batia na janela com uma raiva inexplicável.
Anseio o dia em que isto vai deixar de acontecer. Largar os pesadelos com carros, a ansiedade cada vez que entro num carro, a angustia das curvas e das ribanceiras.
Este ano aprendi tantas coisas em tão pouco tempo que me sinto obesa de conhecimentos.
Aprendi da forma mais abrupta a fugacidade da vida. Aprendi da forma mais dolorosa a maldade humana. Aprendi que as pessoas têm em si a força que têm que ter e não a que acham que têm. Aprendi que a paciência se constrói passo a passo e conforme as necessidades. Aprendi que o momento, por mais pequeno e finito que seja, vale o que vale.
Não fiz a maior parte das coisas a que me propus este ano. Não acabei o curso, não comecei a estagiar, não aprendi a tocar bateria, não fui todos os dias ao ginásio, não aprendi a jogar xadrez, não me inscrevi como dadora de medula óssea, e oiço alguém que diz "mas agora tens a vida toda para fazer o que quiseres"...
Sim, tenho.
Tenho uma vida inteira pela frente até ao próximo susto.
Tenho uma vida inteira pela frente até à próxima desilusão.
Tenho uma vida inteira pela frente até ao próximo pesadelo.
E tenho esta angústia que volta e meia bate à porta e entra sem ninguém a ter deixado entrar. E sinto-me novamente pequenina nesta minha condição de sinistrada.
Não gosto.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O Natal chegou e eu nem dei por ele, e sinto esta estranha sensação de estar viva e de me mexer, e de ter sonhos e objectivos e ambições e ser mais e melhor todos os dias, e de querer. Sobretudo de querer.
Esta estranha sensação de querer estar viva e de me querer mexer, de querer ter sonhos e objectivos e ambições e de querer ser mais e melhor todos os dias. É bom, inebria e alimenta esta sede de vida que me acompanha há meses.
O Natal chegou e eu estou viva para partilhá-lo com quem mais gosto.
Estou viva!
E que bom é estar viva!
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
HABEMUS CHANNEL
atendo a meia voz:
- Sim?
- Maria? Bom dia! É o Dr. Gonçalo!
- Ah! Dr.! Está bom?
- Bem obrigada Maria! Olhe e a Maria também está óptima! Estive a olhar para os seus exames e as suas fracturas estão óptimas.
....
Desliguei o telefone e apeteceu-me gritar a plenos pulmões.
As coisas avançam lentamente. A vida retoma a sua normalidade e sabe bem esta tranquilidade que se vai instalando na minha vida. Hoje voltei a ser invisível aos olhos dos que comigo se cruzam - este colar é discreto, é banal. Eu gosto de ser invisível.
A minha manicura hoje disse-me que eu tinha voltado a nascer.
Hoje sinto-me capaz de dominar o mundo com um só dedo e de uma só vez.
Tinha saudades desta sensação de força e determinação.
Passei mais uma etapa, entrei na terceira e sinto a benção da vida a cada sorriso da minha Mãe, dos meus irmãos, a cada telefonema e a cada mensagem.
Hoje há uma estrela lá no alto que brilha mais que ontem.
Saudações efusivas,
Maria Coco Channel
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
dia de acção de graças.
graças por estar viva.
graças por estar inteira.
graças por ter cicatrizes que me fazem crescer.
graças pelos que ficaram e não fugiram.
graças pelos que fugiram.
graças pela força dos outros.
graças pelas graças da vida.
graças por ser eu.
aqui.
sem base, sem rímel, sem blush.
uma maria a nu.
cruelmente nu - mais que nudismo, a total transparência.
só eu.
e o meu sorriso que fica e ficará para sempre.
esse não se assustou com um despiste.
esse ganhou ainda mais luz.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Happy Birthday To Me
domingo, 15 de novembro de 2009
Amor à primeira vista
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Descupe, mas não permito.
Vou passar a responder que não permito pinóia nenhuma.
No Sábado estava no meu passeio habitual com a Mãe e eis que pára um senhor à nossa frente e nos espeta um panfleto sobre uns colchões maravilhosos que fazem tudinho o que uma pessoa sonha.
Sim, obrigada. Estava mesmo a precisar de um negão à beira-mar de Búzios a dar-me caipirinhas.
Ainda estava em Búzios quando o senhor conseguiu que eu aterrasse abruptamente na realidade :
_ É que se me permite, estes colchões podem evitar o uso de colares como esse aí" - lá está eu só permiti o negão em Búzios
E tive vontade de lhe responder:
_ Fantástico, os seus colchões evitam acidentes e capotamentos na estrada de Colares às 3 da tarde!
Entrámos na 15ª semana e ainda tenho coisas para contar...
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
uma estrela cadente
chorei agarrada ao Mike. não me lembro qual era a tristeza daquele dia, ou talvez me lembre agora que penso nisso. os miúdos mais velhos estavam a ter a festa de despedida, aquilo mexeu comigo -um deles, o mais velho, que já me conhecia de outros campos, confidenciou-me debaixo de um céu estrelado que ia ter saudades.
e eu disse-lhe que todos os anos tenho saudades do que vivi nos campos de férias.
todos os anos eu tenho saudades de qualquer coisa que nunca mais vai voltar a ser como era.
aquele céu cheio de estrelas olhou pela última vez para um pescoço sem marcas.
o Pedro ouviu da minha boca o que eu não digo muitas vezes.
o Zé recebeu um mail que deixou de fazer sentido passado muito pouco tempo... e eu escrevo ainda assim mais e mais.
as palavras perderão o sentido com o passar do tempo?
os sentimentos perderão o sentido com o passar do tempo?
a Maria daquela noite nem sonhava que se ia lembrar tão bem dos últimos minutos daquela noite, nem sabia que na manhã seguinte ia ser a última do Verão em total liberdade, nem podia supor que se estava a despedir de uma inconsciência feliz. foi-se deitar e dormiu.
acordou, tomou um longo e merecido banho, tomou o pequeno almoço sem grande pressa e saiu.
não voltou.
nessa noite, não dormiu e teve medo.
estava no hospital
sábado, 24 de outubro de 2009
Obrigada Tertúlia
Sabe tão bem estar em casa juntos dos que mais gostamos, é tão bom reunir à mesa as amigas e falar sobre tudo e sobre nada e deitar a cabeça na almofada consciente que há pessoas que vieram à Terra para partilhar a simplicidade de um sorriso.
Obrigada Tertúlia!
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Habemus Galliano
HABEMUS GALLIANO
É com o maior das alegrias que comunico que temos Galliano. Hoje, aquando da consulta o Dr. Gonçalo disse-me:
-"Excluímos assim a hipótese da operação e estamos no bom caminho."
Eu sei que ainda não estou boa, que continuo no convento mais um mês, que daqui até Abril são seis meses... mas eu estou a ficar boa e isso é a minha bandeira nestes dias.
Finalmente o medo que me consumia o peito, me espartilhava a esperança foi-se, eu sabia, hoje de manhã quando acordei sabia, bem cá dentro, que as coisas estavam melhores. Senti dentro de mim o que senti no dia do acidente: não é desta que me arrumam, e não foi.
E sabem o que é o melhor de tudo? É sentir que a montanha que estou a escalar só me serve para aprender a ser uma pessoa mais calma, mais ponderada e mais agradecida por cada momento em família, por cada abraço amigo, por cada beijo sentido. A dádiva da vida é tão preciosa que não se escreve nem se descreve... procuro e não encontro as verdadeiras palavras que possam descrever a minha alegria.
Tinha à minha frente o responsável que tomou as decisões que me mantiveram longe do bloco, bem longe das agulhas, dos enxertos, dos parafusos internos, tinha comigo a minha Guerreira Mãe que me manteve de cabeça e espírito erguido, arranjando sempre as palavras certas nos momentos certos, e tinha a pessoa que chorou por todos e que ainda assim arregaçou as mangas e me mimou o mais que pode: a minha sempre amiga Inês e também minha enfermeira preferida.
Ríamos todos de alegria e mais do que alegria ríamos de gratidão. Os quatro. Ali.
Foi uma vitória colectiva, só possível com a ajuda de todos, só vencida com as armas que se foram erguendo dia-a-dia, sei que sozinha não tinha conseguido. E agora só me ocorre que ainda ontem estávamos a rezar por um milagre.
Obrigada uma vez mais a todos. E todas as vezes que eu agradecer vão ser poucas, e cada vez que eu me emocionar com as palavras de apoio nunca vai ser demais. Juntos somos mais e melhores, eu acredito que juntos somos mais e melhores!
Já tomei um valente banho, lavei o cabelo bafiento e esfreguei o sarro que tinha... ainda não estou cheirosinha, nem limpinha, mas estou quase! E o quase de hoje é bem mais do que o de ontem.
Sinto-me capaz de domar a vida com um simples dedo.
Beijinhos e Abracinhos,
Mary Drácula
terça-feira, 20 de outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
houve tantas coisas na minha vida que cresceram de dia para ida, que chegaram pé ante pé, que se instalaram e não avisaram. eu diria que houve demasiadas coisas assim.
72 horas para regressar ao Egas, voltar a passar o portão do hospital, olhar de soslaio os doentes da ala contagiosa - gostava de falar com um deles, dar-lhes um abraço forte (se eu pudesse dar abraços...), sair do carro a medo, entrar naquele átrio novo onde faz a corrente de ar da vida, dar entrada, atravessar os corredores que ainda não decidiram se nos vão contagiar com Gripe A ou se nos vão deixar sair ilesos, procurar uma cadeira, constatar que não há cadeira mas que logo se levantam uma serie de pessoas para me ceder o lugar, sentar-me, constatar que ainda falta imenso tempo.
o medo que vai tomar conta de mim. passaram quase três meses, há quase três meses este dia era lá muito longe, ele está a chegar e eu tenho medo. de tantas coisas e de nada. tenho medo que as expectativas saiam defraudadas, tenho medo de não estar boa, tenho medo de ter que ser operada... porra tenho medo.
dei-me demasiado tarde conta de que tenho medo.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Quem tem medo compra um cão...
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
....
Respondeu-me que sim, eu entusiasmei-me e perguntei:
- "Posso doar medula óssea, não posso?" - dadas as circunstâncias achei por bem verificar...
- "Medula sim, óssea não sei se a tens!"
Há por aqui um humor negro que me escapa.
****
O médico radiologista veio ter comigo à maca da Tac e perguntou-me:
- "Nunca tira isso? Nem para tomar banho?"
- "Nunca, há dois meses e uma semana que nunca tiro isto, nem para tomar banho"
Fugiu de mim e nunca mais o vi...
Há por aqui uma falta de apoio às pessoas que vivem em comunhão de bens com um artefacto porquê?
****
A Senhora minha Avó passeia-me todos os dias, ou será que sou eu que passeio a Senhora minha Avó todos os dias?
****
Já repararam que entrámos em contagem decrescente para a troca de modelito? Ainda este mês devemos passar de Prada a Galliano.
É impressão minha ou estou na 10ª semana do calvário? :)
Não percam de vista estas considerações, podem ser de extrema importância.
Saudações robóticas,
Marycop
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
O que nos une!...
"I say:
ontem, entre a meia noite as 2h, já passou o bastante
marycop says:
sim
marycop says:
o bastante
I say:
o demasiado, provavelmente, vamos ver
marycop says:
ah deixa-te disso
marycop says:
foi o necessário
I say:
necessario claramente não foi!
I say:
foi o mais do que a conta...
marycop says:
ah deixa-te de vocabulário
I say:
ok!...
marycop says:
;) "
...lol!
Bj
Margarida
Babei-me!
E com o T2+1 não haveria de ser diferente!
Crianças eram 4! Dos 15 meses aos 6 anos ali estiveram felizes e contentes!
Com 100m2 de área brincável, desimpedida de quaisquer obstáculos, despida de “não me toques” e de “cuidados”, o T2+1 esteve à altura! Haverá algo melhor que uma casa vazia cheia de pó para gatinhar, atirar bolas ao ar e fazer pistas com os carrinhos?! Não!
É com enorme orgulho que anuncio que o T2+1 mais mimado do mundo-e-arredores passou no teste! Babei-me!
Estou muito feliz! O meu T2+1 é KIDSFRIENDLY!!
Bj
Margarida
A primeira vez...
Não tens vergonha? !Perguntam uns…Mas isso é super desconfortável!! Exclamam outros…
Sim! Pode até ser! Mas não dava mais…Teve de ser…
Sonhei com isto tantas vezes!...Um momento especial como este não se coaduna com pormenores desleixados ou sequer simplesmente menos pensados! Queria velinhas, faqueiro a luzir, guardanapos de linho…
Mas não!…As velas foi porque faltou a luz, o faqueiro foi de plástico e os guardanapos de papel!
Foi o primeiro lanche de família no T2+1 mais mimado do mundo-e-arredores! Não faltou nada! Pó por todo o lado, pastéis e bolinhos da Chique de Belém, café da máquina nova…Tudo!
Muito bom! A repetir!
BJ
Margarida
sábado, 3 de outubro de 2009
Prada vs Vaidosice
Perguntam-me como é possível, não sei.
De verdade, não sei.
Ontem, num dos meus momentos de Oprah Winfrey Show a conversa centrava-se nas doenças que afectam o aspecto físico das pessoas e como isso influencia a maneira como os outros nos olham.
Eu não tenho uma doença sem cura, eu nem tenho nenhuma doença. Mas eu sinto todos os dias esses olhos que se deitam por cima do olhos, esses olhares de espanto... e eu aprendi a viver com eles da melhor maneira que sei e que consigo.
Eu sou vaidosa, eu sou muito vaidosa. Eu amo sapatos, perco-me com carteiras, adoro compras, vibro com vernizes, anéis e outras coisas que tal. Eu sou jovem, sou mulher e mais que nunca sou vaidosa. E eu tenho um Prada.
É aqui que se dá o choque. Quando me levantei da cama naquela noite de sexta-feira ninguém me disse que eu me poderia assustar com a imagem que o espelho iria reflectir.
Ninguém me avisou e eu assustei-me. Não há dia que não me assuste, é feio, é pouco discreto, é assim a modos que incompatível com 98% da minha roupa e ainda para mais aperta as minhas bochechas, que por si só são enormes. Mas é meu!
E eu não concordo com a Oprah e os seus convidados. Acho que têm que continuar a ser vaidosos, incrivelmente vaidosos. Vaidosos de tudo aquilo que têm e que faz sentido.
Eu continuo vaidosa, arranjo as mãos, pés, faço a depilação, ponho cremes, ando com anéis, relógio e pulseiras, tenho brincos nas orelhas, uso vestidos, ténis com atacadores de cetim, volta e meia, se a ocasião merecer, até ponho rímel e anti-olheiras. Eu faço o que fazia e só não faço mais ainda porque não posso... não me poupo a piroseiras e cada dia estou pior.
É a vaidosice que me vai salvando o dia e me distrai deste mono Prada que vive comigo. (Hoje discutimos, ele insistiu em permanecer nos meus sonhos e eu acho que ele não tem que aparecer. Bem se lixou, estamos de relações cortadas.)
É fim-de-semana grande e recebi amiguinhas, vesti um vestido lindinho e pus batômzinho cor-de-pêssego e foi bem bom! Porque afinal de contas, se eu não for vaidosa, quem vai ser?
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Depois do aviso esclarecedor:
EU ODEIO FINS-DE-SEMANA GRANDES QUANDO ELES NÃO SABEM A FINS-DE-SEMANA GRANDES.
Ocorre-me um sem número de coisas que eu gostaria de estar a fazer agora, e não comentem coisas como "depois vais ter todo o tempo do mundo", ou "calma, hão-de vir outros fins-de-semana"
Deixem-se de frases feitas e deixem-me ser egoísta só hoje e pensar que agora, (e não num futuro próximo), quereria estar ali, naquele sitio. E sem tão bem com quem!
Às vezes é bom escrever com esta arrogância toda. Passa a neura momentânea.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
(un)breakable
Alguém disse que tomava conta de mim... soube-me estupidamente bem. Mesmo quando é mentira e quando é impossível.
O Prada não mata mas mói, e faz questão de moer 24/7. E não é só o Prada, é o que o Prada traz consigo: é a não dependência, é a fragilidade, é a solidão das noites, é a vida que se vive lá fora, é o Verão que já se despediu sem me ter dito olá, é um montão de coisas que me assustam.
Sim, queria que alguém tomasse verdadeiramente conta de mim e me viesse mostrar que já vai passar.
Já vai passar.
Vai passar.
Shhhh... encosta-te aqui que vai passar, fecha os olhinhos e já passa. Isso, calma, encontra a tua respiração na minha e calma... ouve o silêncio...
E eu sou muito estúpida em pedir que essa calma venha assim sem mais nem menos, sou estúpida! Ainda falta tanto e hoje, nesta merda de me sentir estupidamente estúpida e estupidamente pequenina, eu só queria enrolar-me numa bolinha, deitar-me na cama e acordar sem Prada.
Já vai passar.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Burocracopes
Ele é papel e mais papel para o seguro, papel e mais papel para a Faculdade, papel e mais papel para provar aos Anjos e Arcanjos que sofri um pequeno percalço e fui visitar as ravinas da Estrada de Colares.
Senhores e Senhoras, nesta ânsia de papéis e papelinhos está em jogo o meu regresso às aulas tão desejado.
Ando a brincar aos requerimentos online para tentar fazer ver a quem de direito que por apenas duas semanas eu posso perder o semestre todo e ver assim o meu curso terminado em 2011... isso, eu que devia estar neste momento a babar-me por um estágio. Dois mil e onze. Dois mil e onze.
Esperem lá, eu estou a escrever DOIS MIL E ONZE?! Quer-se dizer que eu tenho o azar de ter um acidente, passar por tudo o que tenho passado e porque a merda do processo de Bolonha insiste na assistência às aulas eu chumbo? E lixo mais um ano, assim como assim é só mais um ano... eu até nem tenho este ano todo tramado à pala do acidente, mais um ano... só mais um!
Fazendo as contas por alto:
- em vez de começar a procurar trabalho ao 22 começo aos 23/24
- em vez de me candidatar a mestrado já em Maio de 2010 só me candidato em Maio de 2011
- em vez de a Faculdade facilitar uma situação por si complicada só põe entraves e isso na minha cabeça é mais um ano e meio nas minhas contas para arranjar trabalho, emigrar para o Brasil, tirar o mestrado em Gestão Cultural, arranjar uma casinha e viajar muito e muito
Tirando fora o tom irónico, a verdade é que me irrita solenemente que tudo neste País seja movido a papéis e pedidos especiais. Eu até tenho todo o tempo do mundo, é verdade, mas não tenho toda a paciência para cada vez que o papelinho muda de mão ter que explicar toda a história mais uma vez.
E depois ouvir os "ah's" e os "oh's" e todos os comentários inerentes a essas pequenas interjeições que se fazem quando alguém tenta explicar que partiu a cervical mas vai estar boa e vai precisar de retomar a sua vida normal dentro em breve. Adoro.
Adoro ainda mais que o seguro ainda não tenha dito nada, pago nada e esteja pouco interessado em saber como eu estou. Afinal de contas para que é que as pessoas têm seguros? E para que é que as seguradoras têm médicos se os médicos não vêm a casa? Eu é que tenho que me deslocar para o senhor olhar para mim e com os seus olhos raio-x verificar as fracturas. Aparentemente não lhe chega os papeis da polícia, os relatórios dos bombeiros, os exames médicos, o relatório médico, o relatório do próprio senhor dos seguros... não, não lhes chega porque isso era simplificar e para quê simplificar quando se pode complicar?
Algo me diz que a saga das burocracopes ainda vai no prefácio!
Artigos de ménage
(por Ricardo Araújo Pereira, em Os Incorrigíveis)
http://www.youtube.com/watch?v=_AOWR_gZxHo
Já tenho piaçaba!
Bj
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
aterrei?
... quando cheguei não matei saudades de nada. Nem me deixaram chegar, nem matar saudades do que sentia falta, e agora vivo esta estranha sensação de não ter aterrado em Portugal e de sentir falta de tudo.
Só faltam 10 meses e 4 dias!
Quem é que...?
A Marycop!
Quem é que sonha com mergulhos na Baía de São Martinho e acorda a transpirar?
A Marycop!
Quem é que sabe de cor a grelha televisiva?
A Marycop!
Quem é que gosta de descafeínado por palhinha?
A Marycop!
Quem é que anda a contar dias e semanas?
A Marycop!
Quem é que escreve neste blog?
A MARYCOP, que as outras são umas desnaturadas!
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Sindicato dos Sonhos
venho por este meio apresentar uma sentida reclamação.
Como penso ser do conhecimento de sua excelência há cerca de dois meses sofri um desastre de carro na estrada de Colares e desde então tenho estado a recuperar. Nos primeiros tempos recorri ao sindicato que o Senhor tão bem representa com o intuito de requerer que fosse dada uma especial atenção ao meu caso.
No primeiro requerimento, datado do dia 29 de Julho do presente ano, pedi encarecidamente que os meus sonhos fossem só e exclusivamente cor-de-rosa. No segundo requerimento, datado do dia 30 de Julho também do presente ano, requeri que me fosse devolvido o sono e a vontade de dormir descansada - muito prontamente o segundo me foi indeferido sem justificável causa.
Nestes últimos tempos tenho requerido quase diariamente que não fosse incluído no repertório alusões a carros, S.O.M.I.'s, ravinas, desastres, hospitais, cabeças... em vão.
Caro Director, peço-lhe encarecidamente que reveja o meu caso.
Na passada semana os seus trabalhadores deram asas à imaginação e desde cabeças descoladas do corpo, passando por maratonas em que o prémio é um S.O.M.I. até despistes de carro com a minha Mãe a guiar, tudo tem sido válido para os macabros enredos dos meus sonhos.
Não é que eu queira ser tratada de maneira especial, EU EXIJO ser tratada de maneira especial, se assim não se verificar já a partir da data de recepção deste meu último pedido fica desde já avisado que recorrerei a serviços especiais para aniquilar os seus serviços.
Grata pela atenção,
sem mais assunto de momento,
Maria Pinto Elyseu
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
POKER STAR
Se soubesse o que sei hoje teria ficado tanto por escrever e por dizer... quem disse que o silêncio incomoda? Silêncio, meu amigo, foi o que me trouxe a paz que desejei tantas e tantas vezes. Foi por ti e só por ti que ela se deixou ir numa busca de amor que nunca existiu nos livros das vossas vidas. Deixa para trás o que lá vai, respira fundo, enfrenta esta vida que te rodeia e que não te pede licença para andar.
Embebeda-te. Desfruta. Respira. Anda. Caminha. Apaixona-te. Vive. Entrega-te. Recebe.
Baralha as cartas, dá o jogo, vê a sorte que te calhou em mão – aposta, observa, abre jogo, joga.
Quantas vezes, repetidamente, fizeste o mesmo? Viste o que realmente lá estava? Algum dia te apercebeste que o jogo que te calha te dá pistas?
Acende um cigarro, deixa-te ir pela madrugada fora, ela olha-te como se nunca antes te tivesse desejado, e até talvez nunca te tenha visto antes. És outro, estás outro. Queres ser outro na magia do tempo. Consegues? Porque me perguntas se consegues? És tu que tens que achar as novas respostas.
Perdeste. Baralha outra vez, desta vez com mais garra que a anterior, deixa-te ir pela fichas que perdeste. Não hesites. O segredo está em não hesitar. Isso – acende mais um cigarro... ele que te consome as noites em que pensas que pensas sobre ti e a nenhuma conclusão chegas porque nem a isso te dás ao trabalho.
Ela continua ao teu lado, ela acende também um cigarro, nessa nuvem de fumo que criam à vossa volta ela sabe que vai acabar a amar-te mais uma vez. Ela quer amar-te mais uma vez, ou só desta vez. Ela sabe que estás perdido. Ela está perdida. Elabora bolas com o fumo, quer encontrar a saída do próximo jogo. Tem medo, cruza e descruza as pernas – se a conhecesses saberias que ela só estava à espera do teu sorriso. Nunca a quiseste conhecer, nunca a olhaste. Por detrás dos seus olhos cor de mel de menina das tranças pretas ela é mulher, mais mulher que muitas casadas e mães de filhos. Tem sonhos. Tem ambições. Tem desejos. Tem segredos. E tem silêncios.
A sorte virou, está do teu lado. Sabes que veio para ficar, e nessa arrogância própria de quem cavalga pela noite apostas tudo e tudo ganhas. Foi sorte. Foi inteligência de jogador nato.
No fim, também tu sabes que a queres amar aí mesmo, numa comunhão com o fumo e com o tapete que tens aos pés. Também tu estás desejoso que algo faça mudar o rumo da noite, que a frieza dê espaço ao calor de outrora. Lá fora chove, queres poder dizer-lhe tantas coisas e nada lhe dizes. Falta-te a coragem de quem não tem medo do silêncio depois da guerra, falta-te a certeza que a verdade é o único trilho que podes escolher. Falta-te tudo. E se a olhares, se a vires profundamente, saberás que nada te falta.
O silêncio falou por ti.
Há mesmo coisas de que não tenho saudades. No fundo, a relatividade das coisas veio ter comigo quando o carro andou aos pinotes... obrigada carrinho, estava mesmo a precisar de relativizar!
http://http://www.youtube.com/watch?v=Ngf5Oo_XrjI
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
nada
_ Nada. E depois de amanhã também não vou fazer nada, e depois de depois de amanhã vou continuar sem fazer nada.
Terão sido demasiadas as vezes que a minha Mãe me perguntou ao longo da vida o que eu vou fazer amanhã, o meu amanhã tinha sempre qualquer coisa. Podia ser um qualquer coisa pouco válido para a resposta, mas era um qualquer coisa que me fazia existir.
O tempo passa, devagar, demasiado devagar para quem vive de viver. E neste meu caminho que é mais solitário do que penso o meu nada é tudo.
O meu nada de hoje foi um nada um bocadinho mais preenchido que o nada de ontem. Este meu nada que exaspera mais que do que conforta às vezes enche-me de tristeza. Não minto, não vos minto - a alegria de estar viva às vezes é derrotada pela vontade de acordar e conseguir levantar-me sozinha, tomar banho sozinha, arranjar o pequeno almoço sozinha, escolher uma roupa giraça, calçar aquelas sandálias que ainda não estreei e sair à rua. Ligar às meninas e ir bater perna para o Chiado, um café na Brasileira só porque é dia de festa, um jantar combinado à última da hora no Super Mário, uns copos tremidos no Bairro, uma descida até uma discoteca da moda... uma ressaca no dia seguinte.
Aquela liberdade de ir aonde as pernas querem sem olhar para trás, a vida toda à frente, um medo que não existe porque não vive, uma eternidade que é real porque ninguém a colocou à prova.
Cedo demais.
Cedo demais.
E ninguém para apontar o dedo, para ser bode expiatório de uma raiva que carregarei para o resto da vida.
Quem foi que me atirou para uma ribanceira e me mostrou que as pernas não vão onde eu quero mas sim onde podem? Quem foi que me mostrou que a vida é frágil? Quem é que colocou à prova a minha eternidade e mostrou aos poucos 21 anos que a vida acaba quando menos se espera?
Cedo demais. Eu tinha em mim a inconsciente alegria de não saber que amanhã pode ser tarde demais, que amanhã pode não ser o dia. Eu vivia bem, eu era uma sorridente e esperançosa, uma Princesa pouco mulher e demasiado menina, eu era eu e ninguém tinha que me atirar para uma cama de hospital.
E eu estou viva. A meio caminho da primeira etapa. E nesta alegria de estar viva e de (ainda) ter tempo finito para fazer tudo aquilo que não fiz até ao dia do acidente, há também um espaço para me sentir triste porque hoje, tal como ontem, e anteontem, e antes de anteontem eu não fiz nada do que era suposto.
Não me levantei sozinha, não me arranjei sozinha, não saí de casa e não fui à minha rotina de menina quase mulher. Não andei pelas ruas do mundo a sorrir à minha eterna vida, não me apaixonei pela brisa na minha cara, não me emocionei com o pôr-do-sol, não partilhei um sorriso com o senhor do comboio, não beijei a areia num mergulho refrescante, não bebi café enquanto folheava o jornal, não troquei olhares malandros com a brasa do bar, não jantei fora com elas, não me vou deitar com ideias de ir para a praia amanhã.
No fim, só me posso vangloriar por me ter levantado e ter tido a ajuda da minha Mãe para me arranjar, ter dado a volta ao quarteirão, ter inspirado a brisa do fim de mais um dia, ter partilhado um sorriso envergonhado com as pessoas que me olham a medo, ter bebido um descafeínado no café da esquina, ter jantado em família e deitar-me com ideias de que amanhã este meu fim e este meu só é um nada que me salva.
Do you speak banking?
O programa:
Módulo I: Apresentação [o equivalente ao “Hello! What’s your name?”].
Objectivo: apresentação ao interlocutor, transmitindo uma imagem de “sou uma pessoa autónoma, financeiramente viável, a Cliente que o seu Banco quer ter, mas preciso desesperadamente de crédito habitação em condições adequadas a um pedinte…”.
Frequência: 100% obrigatória.
Módulo 2: Números
Objectivo: ter consciência de que, apesar de obsceno, o Spread vai de 0,5% a 10.000.000%, sendo menos de 0,5% impossível, 0,5% irreal, 1% o que lhe vão dizer que é “o melhor que lhe conseguem fazer” e mais de 1% aquilo que você não quer para si!
Frequência: 70% (o essencial é saber que não quer – porque abusivo –, de todo!, mais de 1%)
Módulo 3: Argumentação oral
Objectivo: Desenvolvimento da expressão verbal, do vocabulário, da pronúncia e acentuação. Manter o nível de humanidade nas relações utente/ instituição bancária dentro dos níveis de razoabilidade impostos pela CDH.
Frequência: O mais possível
Módulo 4: Prática escrita
Objectivo: Redacção e leitura de minutas de contratos de abertura de conta, de crédito habitação, seguro de vida, seguro habitação, cartão de crédito, prestação de fianças, banco on-line, “vantagens” conta jovem, e, por fim, escritura pública, em letra Trebuchet inferior a 6.
Frequência: 100% (equivalente ao sucesso nos módulos anteriores)
Passei com Muito Bom (o excelente é só para os marrões!)! 0,75%!
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Hoje é dia de festa!
Nesse sobressalto, nesse salto alto!
PARABÉÉNS, miúúúdaaaa!
Miúúúda, PARABÉNS!
Hoje o blog 3 é demais está em festa!
Um grande beijinho para a única pessoa que veste um SOMI e parece que tem uma peça de alta costura! Um grande beijinho para a Mulher Robótica mais linda do meu coração! Um grande beijinho para a nossa Maria!
09.09.09
terça-feira, 8 de setembro de 2009
SURPRESA!!!
Quando eu menos esperava e quando mais me apetecia foi dia de SUSHI!
Os meus irmãos, juntamente com a minha Mãe juntaram as energias e organizaram-se para trazerem Sushi para o jantar. Em jeitinho de agradecimento até posei pela primeira vez para a objectiva, escusado será dizer que o Prada foi disfarçado por um lenço.
Foi um manjar divino, precioso. Tudo à mesa, a rir e a desfrutar das maravilhas cruas que os amigos japonas fazem com tanta minúcia... para acabar os desejos só basta que um dia destes me tragam MacDonald's.
Enquanto estive internada não comi grande coisa, limitava-me a engolir a gelatina que a Inês me dava à boca, alguns yogurtes e no dia em que voltei a andar comi a ceia que me pareceu caviar num spa. Lembro-me de pensar no que ia comer quando chegasse a casa, no dia em que tive alta, e dado que não podia mastigar ainda, o jantar foi bacalhau com natas - um dos meus pratos preferidos. Aí começou a verdadeira saga da comida, é que eu não tenho fome porque o Prada acenta mesmo em cima do estômago, e como não faço nada para gastar energias também não tenho necessidade de comer... mal o meu que quando dou por mim tenho tudo a espetar-me a colherzinha na boca.
Ah, mas ontem foi diferente: comi que me consolei. E hoje também, ao almoço e um petisco ao jantar.
Sushi põe-me a comer, junta a família à volta dos pauzinhos e vale um jantar 5 estrelas!
Obrigada Manos! Valeu!
Beijinhos,
Marycop
WACT...Como tudo começou!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Os Macacos não têm celulite
Esfregar todos os dias anti-celulíticos nas pernas tem inerente a mesma fé da compra da casa “perfeita”! Quanto a isto resta dizer: saber lidar com a imperfeição é o que faz de nós (bons) humanos!
Hoje vou dizer ao(à) meu(minha) vizinho(a) de cima: “Olá! Sou eu!” acrescido de “E já agora, a canalização do seu T2+1 [segundo mais mimado do mundo-e-arredores] está a ‘incomodar’ o T2+1 mais mimado do mundo-e-arredores!...sabe, no fundo, o que eu lhe quero dizer é: ou faz obras rapidamente em sua casa, ou qualquer dia chove-me na testa! Eu sei que estas coisas são chatas e dispendiosas, mas…compreenda a minha posição!”...
Hoje vou ser a imperfeição na vida do(a) meu(minha) vizinho(a) de cima…vou lhe explicar que o seu T2+1 [também para ele(a) o mais mimado do mundo-e-arredores] afinal não é tão perfeito assim…"Continua a ser o T2+1 que lhe conquistou o coração, não?!”
Os macacos não têm celulite…é por isso que somos humanos!
Bj
P.S. – Neste texto o enfoque esteve na impossibilidade de se ser perfeito, no “errar é humano” e no “causar infiltrações é o que os canos com mais de 80 anos fazem”…mas há que ter consciência que no final do dia há a possibilidade de restar unicamente o “ %*?/&J&* da vizinha! Ainda nem se mudou, já está a arranjar problemas!”
Wish me luck!..
Gracinha do Dia
Assim 'cómassim' há seis semanas que recebo massagens diárias nos pés :) e agora com a chegada dos Gémeos também as recebo nas mãos.
Vistas bem as coisas estou a meio do tempo. Mais ou menos a meio do tempo. Volto daqui a seis semanas ao médico, até lá há-de o Verão tirar férias de nós, e o Outono chegar devagarinho e as ruas deixarem de cheirar a praia para passarem a cheirar a esplanada.
Eu gosto do Outono, aliás, eu gosto de tudo. Agora gosto de tudo, antes do acidente acho que nunca me tinha dado ao trabalho de me aperceber que gostava de tudo. Sim, há um antes e um depois. Uma linha que separa a passagem para a gratidão.
Pequenas coisas, tão pequenas que são insignificantes para quem as tem todos os dias como gestos inúteis: lavo os dentes sozinha, já ponho desodorizante sozinha, como arranjaram um caixote do lixo mais alto eu consigo por o meu lixo orgânico no lixo, e até consigo servir-me de leite se o pacote não estiver cheio... e daqui a seis semanas hei-de fazer mais umas quantas gracinhas.
É isso mesmo: gracinhas. O bebé faz gracinhas novas e dá uma alegria imensa à família, a Marycop faz uma gracinha e dá uma alegria imensa a todos! A senhora minha Mãe instaurou o momento: "A Gracinha do Dia".
A Gracinha do Dia hoje foram as canetas de acetato nas mãos do meu irmão Kiko... o PRADA de cara lavada foi o resultado.
domingo, 6 de setembro de 2009
"Leve, Leve!"
Antes de mais queria pedir desculpa pela demora, mas como muitos de vocês sabem, só agora é que regressei à "civilização"! Depois de dois meses em São Tomé pegar num computador e escrever um texto ao nível dos que já li das minhas princesas é demais! Ainda tou muito no espírito Leve, Leve que tanto caracteriza o povo são tomense...tudo com muita calma!
Fica feita a promessa de melhoras graduais e de histórias de uma experiência única em São Tomé!
Beijinhos e até já,
Paulinha
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
O circo desceu à cidade
Eram dez da manhã e a atracção era eu!!!
A minha Mãe diz que não repara, mas eu reparo e bem! As pessoas olham, abrem alas e voltam a olhar, com um bocadinho menos de delicadeza comentam a meia voz (muito discretamente) o meu PRADA. Aposto que o cobiçam. Depois habituam-se, tal como eu, aos ferros e aos parafusos, à menina com cara de menina que tem um artefacto estranho vestido.
Eis que entram mais pessoas e processo repete-se. Uns mais espantados, outros com um olhar de pena que dá dó, outros esboçam um sorriso de cumplicidade numa partilha de dores, há quem se atreva a virar a cara pelo incómodo visual...
Senhoras e Senhores: eu não mordo, não dou a patinha, não sou atracção turística e muito menos sou atracção circense.
Posso ser tipo animal de estimação que é passeado ao fim da tarde a grande custo, nessas alturas sou a Biscoita.
Nas outras vou oscilando entre a Maria, a Maricotas, a Lights, a Mariazinha, a Micas, a Princesa, a Robot. É quase uma personalidade esquizofrenica ao mais alto nível, uma mistura de energias que me dá para fazer rábulas com a minha própria (des)graça em alturas de maior aperto.
Quando dei por mim naquela sala de espera, sufocada pelo vírus da gripe A, envolvida no silêncio sussurrado das angústias alheias, com um sono de morte e a morrer de tédio percebi que não posso passar o próximo ano da minha vida a recorrer aos médicos sem levar um bloco e uma canetinha.
É assim um cornetinho de morango pela manhã, as pérolas que se ouvem, as obras de arte que se vêm, as palhaçadas a que se assiste é digno de circo. Se o palhaço principal for eu então, meus amigos, é dia de Circo porque a MARYCOP saiu à rua!
O engraçado é que este circo vai durar um ano. E vocês são os principais espectadores!
BEM-VINDOS!
Beijinhos,
MARYCOP
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Homens, para que vos quero?
Inscrições AQUI.
Não percas a tua chance de ter uma garina ao teu lado que veste PRADA.
Envia o teu CV e uma carta de incentivo, anexa fotografia de cara e corpo a cores e actual.
Nota: abaixo de árvore de Natal não merece a pena.
Até amanhã minha gente,
depois de uma visita ao médico prometo história com piadinha.
MARYCOP ao seu dispor!
Homens, para que vos quero?
1. Para ires àquela loja tão gira que não sei bem onde fica e dar com o caminho à primeira.
2. Para me deixares à porta e ires estacionar o carro bem longe.
3. Para vires ter comigo e dizeres “sim, é giro, óptima escolha!”
4. [Para pagar?!...]
5. Para ires buscar o carro que está estacionado bem longe e para pegares naquela mesa e respectivos bancos de cozinha tão pesados, mas tão giros!
6. Para rebateres os bancos do carro e conseguires meter tudo lá dentro com muita facilidade sem eu ter de ficar toda despenteada e esbaforida!
7. Para voltares para Belém pelo caminho mais rápido e sem trânsito, já que eu nem sei bem onde estou e o mais provável seria ter dado uma volta absolutamente desprovida de sentido, qual ir de um olho ao outro por trás da cabeça.
8. Para estacionares à porta do T2+1 mais mimado do mundo-e-arredores e tirares a mesa e respectivos bancos do carro que são tão giros, mas tão pesados.
9. Para os carregares para o 2.º andar sem eu ter de ficar – outra vez – toda despenteada e esbaforida.
10. Para montares o que houver para montar com a “chave inglesa”/ “buchas” (o que é isto?!).
11. Para olhares p’ra mim a dizer “acho que não ficam aqui lá muito bem? O branco da mesa é lacado-brilhante e os móveis da cozinha são brancos-lacados-foscos!...” e responderes “claro! Tens toda a razão!...é melhor ir trocar!”.
12. Para voltares a meter tudo nas caixas – tarefa impossível, porque como toda a gente sabe estas coisas são embaladas de maneira a nunca mais caberem quando arrumadas por comuns mortais – sem dizeres (muitos) palavrões.
13. Para pegares nas caixas e desceres os dois andares que separam o T2+1 mais mimado do mundo-e-arredores da rua que o alberga, sem cair e sem eu ter de ficar – mais uma vez – toda despenteada e esbaforida.
14. Para voltares a rebater os bancos do carro e meteres as caixas lá dentro, sempre com um sorriso no rosto do tipo “ai que dia fantástico que eu estou a ter”.
15. Para voltares, sem te enganares no caminho, à loja tão gira onde comprei a mesa e os bancos tão giros, mas que, como são brancos-lacados-brilhantes, não ficam NADA bem na cozinha que tem os móveis brancos-lacados-foscos, loja essa que eu nunca soube nem nunca saberei bem onde fica…
16. Para tirares as coisas do carro, entrares comigo na loja e dares-me “aquele apoio” que se dá a quem não tem razão nenhuma, quando a senhora da loja começar a refilar porque não se fazem trocas em época de saldos.
17. Para, depois de uma longa batalha com a senhora da loja referida em 16., me acompanhares no processo de selecção dos 120934875 items para troca (porque, claro!, não devolvem o dinheiro) da mesa e dos bancos brancos-lacados-brilhantes, durante cerca de 1h45min.
18. Para dizeres, 1h42min depois de termos entrado, “não tem mal teres arriscado comprar numa loja onde não podias reaver o dinheiro, e que só tem coisas pavorosas para troca! E não tem mal nenhum saíres daqui com 120934875 utensílios de cozinha e de wc, jarras, copos, etc.”.
19. Para ires buscar o carro, que estava estacionado tão longe, pegar nos 120934875 artigos trocados, metê-los no carro, desta vez sem ser preciso rebateres os bancos, voltarmos ao T2+1 mais mimado do mundo-e-arredores, ajudares-me a arrumar tudo e…
20. Para acabarmos o dia a comer um pastel de nata com açúcar e canela nos Pastéis de Belém!
Não é só para isto, mas é também para isto que queremos os Homens! Na sua ausência, agradeço à minha amiga Filipa, que me ajudou do ponto 8 ao 11 com muita boa disposição, e agradeço aos meus bracinhos que, apesar de doridos no dia seguinte, responderam positivamente a todas as solicitações!
Bj
História do Amorreee
A Senhora Proprietária conhece o Senhor Banco, vivem momentos escaldantes, trocam e-mails, de vez enquando ligam e até combinam um encontro ou outro!
Ele faz-se de difícil, jura-lhe que é o melhor do “mercado” e ela, sobre os despojos de guerra, rendida a uma promessa de vida, ergue a bandeira branca e diz-lhe “SIM”!
Os primeiros tempos são de euforia! Uma vida a dois! As regras do jogo estão lançadas!
Pela Senhora Proprietária é aprovado o SIM incondicional: na fortuna e na falência, pagará sempre com o seu amor, nunca descuidando os seus deveres conjugais, entregando-lhe todo o seu dote, para nunca mais o ver.
Pelo Senhor Banco são mantidas promessas de fidelidade apenas e só enquanto a Senhora Proprietária cumprir com as suas obrigações e, claro está, sem prejuízo da possibilidade de abandono sempre que “as condições de mercado assim o justifiquem”, casos em que a Senhora Proprietária ficará desprovida de todo o seu património e auto-estima.
Ficou tudo por escrito no dia 28 de Julho de 2009, pelas 12h45, com 2h45 de atraso…reza a tradição que as noivas se fazem esperar, mas nesta linda história foi a Senhora Padre! Era uma senhora elegante, trinta e poucos, com ar de quem já assistiu a muitos casamentos mal sucedidos. Com compaixão, ainda lançou para a Senhora Proprietária um último olhar de “tem a certeza que é isto que quer para a sua vida?” e releu as condições estabelecidas. Não houve hesitação! Como um mosquito contra um vidro em plena auto-estrada, assinaram-se os papéis!
Foi uma cerimónia bonita, há que dizê-lo: do lado da Senhora Proprietária, para além da própria, estavam ainda o Senhor e a Senhora Fiadores, a Senhora Angariadora I e o Senhor Personal Finance; do lado do Senhor Banco, para além do próprio, o Senhor Do Balcão, o Senhor Ex-Proprietário (que os tinha apresentado), a Senhora Angariadora II e o Senhor Advogado das Senhoras Angariadoras I e II.
A presidir a cerimónia, a Senhora Padre, assistida pelo Senhor Acólito (novato que aprendia ainda os trâmites da profissão, mas já conseguia fazer de forma convincente o olhar de “tem a certeza que é isto que quer para a sua vida?”).
Ao fundo da capela, estava a Senhora Hipoteca, de presença justificável, mas não justificada, mulher com ar vivido e experiente, que mata com um só golpe. A troca de olhares entre o Senhor Banco e a Senhora Hipoteca não foi indiferente à Senhora Proprietária, mas o amor é e sempre será cego…
A Senhora Proprietária não demorou a sentir que a vida a dois era afinal a três. Não era, nem nunca fora, o grande amor do Senhor Banco, no seu coração a Senhora Hipoteca tinha afinal o lugar cativo, para todas as épocas, em todas as jornadas.
A Senhora Proprietária, que no fundo sempre soube de tal triângulo amoroso, decide ignorá-lo, e num acto de cobardia heróica, alimenta essa relação com dedicação e estoicismo!
Entretanto nasceu o Spread, o filho mais velho e desejado, muito alto para a idade!, um jovem promissor, sempre em ascensão! E a Euribor, - um imprevisto -, que, coitada!, anda sem rumo pelos caminhos da vida, aos altos e baixos, de 3 em 3 meses muda de escola, mas nunca prometeu grandes resultados!
No início, o Senhor Banco, qual adolescente hormonalmente apaixonado, mimou até mais não a Senhora Proprietária: ofereceu-lhe uma caderneta de cheques, um cartão de plástico semi-transparente com letras verdes (a sua cor preferida), muitas pastas de papel e literatura interessante, digna de um Nobel! Aos seus olhos, a Senhora Proprietária era a pessoa mais importante da sua vida!
Mas rapidamente deu a cara…depois de se fazer pagar – porque afinal, é o melhor que a Senhora Proprietária conseguiu arranjar! - , há 2 meses que já só vai a casa para dar o ar da sua graça, sob a forma de pequenas intervenções pontuais e espontâneas.
Chega a casa para jantar, senta-se à mesa e grita: “Então? Já são horas!”.
Todos comem: o Senhor Banco, o Spread, a Euribor, a TANB (a cadela adoptada)...e até a Senhora Hipoteca que, desconfia, subsiste à custa de uma vida paralela mantida com o Senhor Banco!
Até à data, a Senhora Proprietária mantém-se fiel e cumpridora das suas obrigações, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza!
E o Amor resiste, de tempos imemoriais, de paredes em pedra, inabaladas pelos sismos da História!
Bj
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
3 para 1
Ou porque era feio, ou porque era pequeno, ou porque não era o meu género, ou porque simplesmente era muita areia para a minha camioneta!
Não encontrei…acontece!
Diziam os entendidos na matéria que o mercado estava bom, mas na verdade não se via nada de jeito! Perde-se muito tempo em namoros infrutíferos que nos consomem tempo precioso para no final do dia ficar tudo na mesma…
Queria assim um que fosse mesmo Bom! Não “bom com’ó milho”, mas daqueles Bons de tão Bom, que é Amor à Primeira Vista!
Tinha de ser de boas famílias…tipo tradicional portuguesa…nada de bairros sociais ou avenidas novas a armar ao fino mas sem personalidade!
Também não podia ser do género família de subúrbio…
Não estava fácil!
Até que vi um que era “a minha cara”…mas não estava ao meu alcance!
Era daqueles “de revista”…mas despretencioso…tudo no sítio, bem enquadrado na vida, bom background sócio-cultural, de “boas famílias”…mas não dava! Era daqueles que eu não ía lá chegar – achava eu! – e nem tentei! Nem fiz uma primeira abordagem…nem um “olá!”…
Rapidamente desisti de encontrar o Grande Amorrree! Achei que o destino havia de nos juntar!...o que veio a acontecer um ano mais tarde: Abril de 2009!
Ele ainda estava sozinho e eu sozinha estava!...porque não?!
Combinámos um encontro! Ouvia passarinhos a cantar e sentia borboletas na barriga! Apaixonei-me…
Jogámos o “jogo do engate”: cada um mostrou o que quis mostrar…cada um deu o que tinha para dar…no fim, ficámos juntos!
Mais tarde vim a perceber que ele não me mostrou tudo…escondeu alguns defeitos (de fabrico?) e maus feitios…mas ninguém é perfeito e afinal, eu se calhar também não quis ver!
Hoje sou uma mulher apaixonada e com um sonho concretizado! Estou In Love!...
É um T2+1 em Belém, com portadas, chão em tábua corrida…todo o glamour da construção da Lisboa Antiga que o dispensa de licença de utilização! São 3 assoalhadas só pra mim (1)!
Estamos a construir uma relação a dois! Quem sabe um dia passe a ser a três! Mas se calhar, “3 é demais”!
MARYCOP, muito prazer
Estrada de Colares
15.23hrs
Um mundo que não estava nos meus planos conhecer...
Despiste de carro, ribanceira a baixo, bombeiros, planos duros, cordas para içar, dores agonizantes, urgências hospitalares, médicos, radiografias - "ai coitadinha, tão nova e já partida desta maneira, nunca mais volta a ser a mesma!" ... -"Maria, sou o Dr. Qualquer Coisa e tenho que lhe dizer que tem uma fractura muito grave na C2, quero que tenha consciência que pode nunca mais voltar a mexer-se do pescoço para baixo.... bla bla bla..."
Confesso que a determinada altura deixei de o ouvir, pouco me interessava o que aquele Sr Dr me queria dizer, percebi que estava em meu poder não me mexer mesmo, que voltar a andar dependia de mim e só de mim. A minha Mãe apertou-me a mão, cheirava a Mãe, foi fumar cigarros e avisar as pessoas do meu estado e eu fiquei ali, numa maca, um rodopio de enfermeiros: rasga a roupa, imobiliza mais a cabeça e o pescoço, põe cateter na mão direita, chuta drogas para a veia, e a pouco e pouco a consciência de que estou de facto a descobrir um novo mundo.
NEUROTRAUMA
Sigo para a TAC, descobrem mais uma fractura na C1, todos à minha volta têm uma consciência que não é a minha, ao mínimo toque, à mais pequena coisa eu posso morrer. Ainda me lembro de contar uns disparates a meia voz, de pôr o pessoal de serviço a sorrir - o que é que me está a acontecer pah?!
Seguiram-se momentos de vazio puro e duro, deitei poucas lágrimas, seis? Sete? Muito poucas, havia em mim um sentimento que nunca tinha experimentado, quase transe, uma cabeça que funcionava a mil à hora e um corpo na iminência de deixar de obedecer.
Passou um mês, estou em casa! Graças a Deus que me deu a Sua mão; Graças à Senhora Minha Mãe que me disse "Maricota, vai correr tudo bem porque eu estou a dizer, e as Mães têm sempre razão"; Graças ao Senhor Meu Avô que esteve comigo e me segurou o pescoço às escondidas dos médicos e dos enfermeiros, Graças à medalha da Nossa Senhora Desatadora dos Nós que me acompanha até hoje no braço direito, foi a Avó Carmo que ma deu; Graças ao pessoal do Serviço de Trauma de S. Francisco Xavier e do de NeuroTrauma do Egas Moniz; Graças à minha tão louca e especial família que torceu num silêncio amargurado por um milagre que aconteceu; Graças aos meus amigos que choraram e sentiram o que eu não senti; Graças a uma estrela pendurada no suporte do soro que dizia "melhora depressa irmã" numa letra tosca tão característica do Kiko.
Este meu novo mundo, quero partilhá-lo.
A recuperação é longa, demorada, num passo de caracol que exaspera e faz os dias umas vitórias sofridas, mas tão, tão felizes!
Estou viva, ando e sou feliz neste jogo de SOMI e paciência.
Um enorme beijinho,
o Robot mais feliz e grato,
MARYCOP
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Somos claramente 3 da vida airada!...
...e as nossas vidas mudaram...
Eu comprei um mundo, a Paulinha viu outro mundo, a Maria descobriu um mundo...
Elas ainda não sabem, mas vão, tal como eu, partilhar os mundos delas com o resto do mundo e ver o que o mundo tem para dizer!
Fica o desafio lançado!
Um grande beijinho para todos!